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Na Revoada da vida

Liderar não é distinção e sim doação.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Em uma manhã quente e ensolarada de domingo, encontrava eu descontraído, sentado em uma pedra entre o mar e a montanha, às margens do oceano em um dos pontos mais encantadores da cidade do Rio de Janeiro. O cenário de águas claras e calmas se completava pela exuberância da montanha atrás de mim e do céu azul turquesa. Eu aproveitava o momento para atenuar o cansaço e relaxar de minha caminhada matinal saboreando uma refrescante água de coco. Não podia supor que existisse algo ainda mais encantador para apreciar naquele momento. De repente, mirei o céu e presenciei uma dádiva da natureza: lindas gaivotas cruzavam o céu em direção ao mar aberto. Fiquei um bom tempo apreciando o comportamento do bando que fazia do céu o seu palco particular: parecia nos brindar com um elegante e imponente balé. Admirável a disciplina, coreografia e a harmonia demonstrada pelo grupo. Com a majestosa e tradicional formação em V, elas pareciam não se importar com a longa jornada que, provavelmente, teriam pela frente.

As gaivotas bailam nas alturas, não para nos ver de cima para baixo, mas provavelmente, para nos estimular a olhar para cima.

Elas sabem que durante a travessia da vida terão de realizar vôos longos, em que os riscos serão iminentes e inevitáveis. Essa é uma pré-condição de existência para sua espécie. Se não quiserem arriscar às longas distâncias ficarão isoladas em seu espaço e, inevitavelmente, sem as condições ideais de sobrevivência. Muito interessante como elas alternam as posições de suas formações durante o vôo. Sabemos que agem assim para poder ganhar fôlego já que quem está à frente do grupo faz mais esforço para vencer a resistência do ar. Quem vai atrás pega o vácuo do grupo e por isso não precisa se esforçar tanto. Algumas certezas são próprias da espécie: não dá para passar a vida no vácuo das outras, nem tão pouco à frente das demais. Para elas, liderar não é distinção e sim doação.

As gaivotas alternam suas posições naturalmente e assim conseguem se manter em boa forma física para vencer a jornada da vida. No fundo, elas sabem que terão que competir para sobreviver, mas com a consciência de que sua trajetória é comparável a uma longa maratona e não a disputa dos 100 metros rasos. Aprendem, desde cedo, que a humildade é condição sine qua non para o sucesso da espécie e que, por isso, precisam ceder para poder resistir. Acho que elas ensinam umas as outras que todas terão que fazer sacrifícios para poder usufruir o melhor da vida. Se há uma mais esperta ou desonesta logo aprenderá, de forma cruel, que a jornada é longa demais para viver nas benesses das outras.

“O propósito do aprendizado é crescer, e nossas mentes, diferentes de nossos corpos, podem continuar crescendo enquanto continuamos a viver.”

Mortimer Adler

Em suas revoadas elas mudam constantemente o rumo, talvez para apreciar melhor a paisagem, talvez para localizar alimentos ou, quem sabe, para novos experimentos. Elas sabem que a sobrevivência da espécie depende de sua capacidade de oscilar sem, contudo vacilar, de fazer vôos alternativos, de liderar e aceitar a liderança. Se um membro do grupo se recusar a abrir mão da condição de líder os outros o deixam sozinho e realizam uma nova formação. Sem alternativa, ele irá para o fim da fila e terá de aprender, da pior forma possível, que acompanhado com bons amigos e vivendo em harmonia se vai muito mais longe.

A alternância voluntária de posições é condição sublime para as gaivotas. Elas sabem que na revoada da vida terão de experimentar as diversas posições e momentos se quiserem ter uma travessia tranqüila e segura. E quando o assunto é dar provas de amizade, amor, compaixão, bondade, devoção, proteção, respeito, afeto, carinho, apreço e vontade de ajudar, elas também têm muito a ensinar. Se por alguma razão uma delas não consegue acompanhar o grupo e fica para trás imediatamente uma outra deixa o bando e segue em sua companhia. Mais tarde, com suas energias repostas, juntam-se novamente ao grupo.

Um outro aspecto, não menos importante, é que as mais jovens ajudam as mais velhas. Às mais experientes cabe a função de ocupar mais vezes, e por menos tempo, a posição de liderança do grupo, talvez com o propósito de apontar os melhores caminhos. As mais jovens, e com maior vitalidade, cabe a função de desbravar caminhos e absorver os ensinamentos que se acumularão em cada jornada.

Boa reflexão e muito sucesso.

Evaldo Costa
Escritor, Consultor, Conferencista e Professor.
Autor dos livros: “Alavancando resultados através da gestão da qualidade”, “Como Garantir Três Vendas Extras Por Dia” e co-autor do livro “Gigantes das Vendas”- www.evaldocosta.com.br. E-mail: evaldocosta@evaldocosta.com.br.


Publicado por: evaldocosta

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