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As Drogas e o Papel do Psicólogo Escolar no Tratamento e Prevenção

Reflexão e discussão, o aumento do consumo de drogas, poderes econômicos, prevenção e reabilitação...

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Diante da realidade atual em que vivemos, em que a ética e os valores morais parecem estar tão esquecidos, torna-se cada vez mais importante refletir e discutir a respeito de um problema tão grave e que cada dia aumenta alarmantemente, que é o problema do uso e da dependência de drogas (e a destrutividade que esta causa nos mais diferentes âmbitos).

A grande maioria dos seres humanos, durante a vida, faz contato com algum tipo de droga, seja legal ou proibida (Sielski, 1999). O consumo vem aumentando cada vez mais. As drogas sempre estiveram ligadas a poderes econômicos; por isto, juntamente com a sensação de prazer que esta causa, a sua eliminação é tão difícil.

Atualmente os jovens pertencentes as mais diferentes classes ou contextos sociais estão sujeitos e expostos, direta ou indiretamente, a situações de risco. As drogas não fazem parte apenas da realidade da favela ou de partes menos favorecidas da sociedade; mas sim da realidade de todos os indivíduos. A droga pode estar presente nos mais diversos contextos (na família, na escola, nas ruas, na casa de amigos ou dentro de casa, em festas, etc), e atinge as mais diferentes classes sociais. Ou seja, o problema do tráfico e do uso de drogas é um problema de toda a sociedade.

Com isto, o objetivo desse trabalho é informar e promover a reflexão a respeito deste tema tão polêmico e complexo. Para que cada um, a se modo, possa encontrar maneiras de colaborar na questão da prevenção ou reabilitação do uso de drogas; tendo a consciência, despida de preconceitos, de que a melhor forma de compreender o fenômeno é através de uma perspectiva sistêmica, e não linear. Apenas desta forma o psicólogo realmente entenderá o problema, e poderá intervir da melhor forma nos sistemas relacionados.

Drogas

Drogas são substâncias utilizadas para produzir alterações, ou seja, mudanças nas sensações, nas percepções, no grau de consciência, no estado emocional, no psicológico, no comportamento, e no “estado de espírito”. De acordo com Dalgalarrondo (2000), uma droga psicoativa é qualquer substância química que, quando ingerida, modifica uma ou várias funções do SNC, produzindo efeitos psíquicos e comportamentais. A droga, segundo Tiba (2007), atinge os mais reservados recônditos bioquímicos dos neurotransmissores e seus receptores e pode trazer sensações de prazer.

Ao contrário do que muitos ainda pensam, drogas não se restringe apenas a substâncias ilegais / ilícitas. Também são consideradas drogas substâncias lícitas, por exemplo: cigarro; álcool; as prescritas por médicos (como remédio para emagrecer, ou até mesmo antidepressivos); ou aquelas que podem ser compradas em mercados ou lojas (como solventes, cola de sapateiro, etc). Cada vez mais, usuários e dependes descobrem uma nova droga; e a cada descoberta de uma substância que pode causar o prazer esperado, estes divulgam a outros, através do “boca a boca”, esta nova “descoberta”.

O efeito da droga inicialmente é muito sedutor. Quando um indivíduo usa uma droga, esta, em geral, causa de alguma forma uma grande sensação de prazer. Esta sensação é determinada pelo sistema de recompensa (existente em todos os seres humanos), devido a uma grande liberação de neurotransmissores (como a dopamina) que a droga provoca. Quando se ativa este sistema de recompensa e o organismo sente um grande prazer, este estimula a repetição da ação / comportamento (usar a droga) para produzir mais prazer, aí, segundo Tiba (2007), sob a forma de desejo.

Além disso, de acordo com Esslinger e Kovács (1998), o ser humano sempre gostou de testar os limites, ir além do permitido. Todos temos limites, mas não temos certeza de onde estão. Algumas drogas nos permitem a sensação de que podemos transpô-los, ir além, de nos sentirmos poderosos, capazes.

Compreensão do fenômeno sob uma perspectiva psicológica

Para que o fenômeno seja compreendido em sua totalidade, e da maneira mais fidedigna possível, é necessário que se perceba este através de um olhar sistêmico. Levando sempre em conta a função dos sintomas / o que estes querem dizer e para aonde estão apontando. Lembrando sempre que o indivíduo, no caso o usuário de droga, não é isolado, mas que pertence a vários sistemas; e que o tempo todo afeta e é afetado por estes. Desta forma, o fenômeno do uso de drogas é dinâmico, muito complexo, e jamais pode ser visto isoladamente. É através desta perspectiva que o psicólogo deve entender, agir e direcionar seu trabalho; buscando compreender todo o sistema, identificando as causas dos sintomas envolvidos (sendo que o uso de drogas por si já é um sintoma).

Para entender como funciona o uso e dependência de drogas é essencial que se leve em conta três aspectos: características pessoais do dependente e sua história de desenvolvimento; natureza do ambiente onde vive; e características farmacológicas da droga, quantidade usada, freqüência de uso e via de administração. (Esslinger e Kovács, 1998).

Apesar de todas as campanhas contra o uso de drogas, e toda a informação a respeito das conseqüências negativas que estas trazem, o número de usuários e dependentes aumenta cada vez mais (pela falta de limites impostos, falta de cuidado, de informações, e pela facilidade de acesso e informação enganosa que se tem sobre as drogas; dentre vários outros motivos, que dizem respeito não apenas ao usuário e a família, mas à sociedade como um todo).

Causas

De acordo com Sielski (1999), as drogas são usadas por inúmeras razões e variam de pessoa para pessoa. Lembrando sempre que cada indivíduo é único; e que não se pode determinar uma causa exclusiva / linear para este se torne um usuário ou dependente de drogas.

Na realidade tudo começa muito cedo. Quando o indivíduo é ainda criança, e vê os pais ou adultos os quais admira fumando ou bebendo de maneira natural; ou quando vê na televisão propagandas que associam a bebida alcoólica à felicidade, prazer, e bem-estar (o marketing vende uma imagem positiva da bebida alcoólica). Já nesta fase existe o início de uma possível conivência ou curiosidade futura para experimentar tais substâncias. Segundo Tiba (2007), os anúncios vistos pelas crianças ficam gravados como vontades adormecidas que despertarão na adolescência.

A partir da primeira vez que o adolescente beber, se ele gostar da experiência, com certeza repetirá a experiência. Sendo que a sociedade também aceita com naturalidade este fato. A experiência de beber se repete cada vez mais, e em doses maiores. O álcool é um grande ponto de partida para a utilização de outras drogas; uma vez que diminui as resistências do superego e a autosensura. Quando se está totalmente lúcido é mais fácil discernir o que se deve ou não fazer; quando se está sob os efeitos do álcool, muitas atitudes são levadas pela impulsividade e inconseqüência.

Quando o adolescente começa a ter mais liberdade e autonomia, e passa a ficar mais tempo fora de casa ele começa a perceber o outro lado das drogas. Em casa ele era “protegido” e recebia informações de que as drogas ilícitas só têm um lado ruim e negativo. Quando o adolescente tem o primeiro contato com usuários (em festas, no clube, na escola, com amigos de amigos, etc) ele percebe que estes, muitas vezes, são simpáticos, sociáveis e “populares”. Por dar muito valor ao grupo de amigo (característica da adolescência normal), ele passa a fazer o que “todo mundo” faz. Tiba (2007) afirma que, aos poucos, o adolescente vai reunindo muita informação sobre a maconha, que contradiz tudo o que aprendeu quando criança. Não importa se as fontes são pouco confiáveis. A passagem da maconha para outras drogas se da pela busca de prazeres maiores. Em geral, não importando o tipo de droga.

Paralelamente são muitas as causas que levam um indivíduo a usar drogas, sendo que nunca aparecem isoladamente (trata-se de uma interação de vários fatores; de ordem pessoal, familiar e social); dentre estas, sob um ponto de vista psicológico, se destacam: influência dos amigos e tendência grupal (característica comum à adolescência, como uma necessidade de pertença, auto-afirmação, valorização, ou relação afetiva significativa); busca de identidade (também característica comum da adolescência); dificuldades para lidar com a frustração / dificuldade em enfrentar e/ou agüentar situações difíceis ou desagradáveis; imediatismo; busca por prazer; desejo de fuga e/ou esquiva (da realidade, de problemas familiares, de sensações de vazio – o indivíduo busca preencher este com a droga, etc); camuflagem destas sensações de vazio; fuga do dor. Ainda se destacam como principais causas: busca da diminuição da timidez, para ter coragem de apresentar atitudes que sem o uso de tais substâncias não apresentaria; vontade; curiosidade; busca de calma / tranqüilidade; busca de estimulantes / estimulação; sensação (ilusória) de poder; desinformação; hábito; dependência; facilidade de acesso e obtenção de drogas; dentre outros.

Especificidades

Existem diferenças entre o abuso de substâncias químicas e a dependência destas. O abuso, de acordo com Dalgalarrondo (2000), ocorre quando há um uso de uma substância psicoativa que é lesivo ou excessivo (o que quase sempre é lesivo), ocasional ou persistente, em desacordo com os padrões culturais e com a prática médica vigente. Já a dependência é um estado mental e/ou físico que resulta da interação do organismo com a droga. Dalgalarrondo (2000) afirma que, a dependência sempre inclui uma compulsão de usar a droga para experimentar seu efeito psíquico ou evitar o desconforto provocado pela sua ausência. A dependência pode ser física (estado manifestado, de adaptação do corpo, na ausência da droga) ou psíquica (busca da droga para diminuir o desconforto e aumentar o prazer).

Na realidade, fazendo uso de uma frase citada pelo Ministério da Saúde, “não existem graus seguros para o uso desta substância”. Ou seja, de alguma forma sempre algum dano será causado, em maior ou menor escala. Segundo Tiba (2007), independentemente da qualidade do relacionamento com a droga, ela será sempre destrutiva para o usuário, seus familiares e a sociedade.

Outro fenômeno associado ao uso de drogas é o da tolerância. O usuário vai ficando cada vez mais resistente aos efeitos da substância; e passa a usar uma quantidade cada vez maiôs para obter a mesma potencialidade dos efeitos iniciais.

A síndrome de abstinência ocorre quando o organismo e/ou a psique sofrem a falta da droga quando a ingestão desta é interrompida ou retirada. Está relacionada à dependência e à tolerância.

Tipos de drogas

Embora o final seja sempre semelhante, cada droga envolve detalhes específicos, nuanças podem ser percebidas somente pelos usuários. Para quem está longe do problema, todas as drogas parecem iguais (Tiba, 2007).

* Drogas lícitas:

Álcool – é atribuído um valor social a esta substância. É relacionado, em geral, com alegria e felicidade, “bem visto” socialmente e de fácil acesso. Promove desinibição, euforia, coragem, prazer, etc. Causa tantos danos, ou mais, quanto às outras drogas. Induz ao longo dos anos tolerância e dependência física. É a porta de entrada para outras drogas.

Cigarro – extremamente ligado ao hábito. Mesmo com o mal-estar sentido na primeira vez de uso, as pessoas normalmente voltam a repetir a experiência. Estas se sentem mais confiantes com um cigarro na mão. Produz dependência física, e a vontade de fumar torna-se muito constante. A tolerância se instala rapidamente.

Substâncias vendidas para outras finalidades, mas que são utilizadas como drogas, como: benzina; gás buzina; fluído de isqueiro; tíner; cola de sapateiro; cola de madeira; esmalte de unha; acetona; removedores domésticos de tinta – têm início e efeito rápido, e causam euforia e desinibição. É de fácil aquisição e o custo é baixo. Pode provocar morte súbita causada por arritmia cardíaca. Têm poder viciante.

Medicamentos – há uma “semilegalidade”. Também têm poder viciante. Alguns (como, tranqüilizantes, morfina, remédios para emagrecer, antidepressivos) só podem ser acessíveis através de receita médica; embora seja fácil de conseguir sem esta. Outros são vendidos em farmácias sem receita médica, como remédios em geral que quando ingeridos em grandes quantidades causam os mesmos efeitos das outras drogas, podendo causar até mesmo delírios e alucinações.

* Drogas Ilícitas:

Maconha – causa relaxamento, bem-estar, fome, vontade de rir, etc. Ao contrário do que se pensa vicia. O usuário pinga colírio para disfarças os olhos vermelhos e “amanteigados”; acende incensos para disfarçar o cheiro usuário; carrega “acessórios”. Justifica o uso afirmando que a droga não vicia e que faz menos mal que o cigarro ou a bebida; acostuma-se com o uso e a sensação de ilegalidade vai desaparecendo. O usuário ilude-se acreditando que pode parar de fumar quando quiser que não sentirá falta.

Cocaína – pode ser ejetada ou fumada. Produz sensações agradáveis de euforia, fantasias de força, poder, beleza, sedução. Em seguida efeitos muito desagradáveis, como angústia, fissura, cansaço, irritabilidade, que leva o usuário a usar novamente para diminuir estes. Esta vontade é tão forte que lembra o estado psicótico. Tem grande poder de causar dependência.

Crack – Segundo Tiba (2007), uma vez no crack e a pessoa passa a querê-lo sempre. É mais barato que a cocaína e produz sensações mais intensas. Comum a relação do uso deste com envolvimento em outros crimes. O dependente usa dos mais inescrupulosos artifícios para conseguir a droga.

Ecstasy; Crystal; LSD – as reações causadas por estes inicialmente são de grande prazer, envolvendo alegria, bem-estar, “amor”, percepções aguçadas, etc; apesar de efeitos adversos possíveis, como vômito e náuseas. A longo prazo, a capacidade de sentir prazer fica prejudicada, uma vez destrói a serotonina (já que durante o uso há uma descarga exacerbada desta, promovendo posteriormente uma reação homeostática do organismo de produzi-la cada vez menos). É comum o uso em festas.

*** Normalmente, estas substâncias na fase inicial de uso causam sensações de grande prazer e bem-estar, e atendem a satisfação que se busca com seu uso. Por isto jovens se sentem tão atraídos, após a primeira experiência; em voltar a repetir esta outras vezes. Por ser bom repetem cada vez mais. As conseqüências negativas que o uso de drogas trás não são sentidas e percebidas nas primeiras vezes de uso, mas geralmente quando o vício já está instalado. E é aí que mora o perigo. Quando se percebe que a droga está fazendo mal, nos mais diferentes aspectos, já é muito difícil conseguir se livrar dela. Por isto a importância de se prevenir que ocorra a primeira experiência; ou, quando o vício já existe, de interromper o uso e buscar ajuda o mais rápido possível (quanto antes isto ocorrer, menores serão os danos).

Sintomas

São diversos as conseqüências e os sintomas que surgem quando uma pessoa está usando drogas. Estes variam de pessoa para pessoa. Varia também de acordo com o tipo de substância utilizada, e a freqüência e quantidade do uso.

Em geral, os sintomas são: idéias que defendem a legalização ou o uso de drogas; distanciamento familiar; irritabilidade; diminuição do rendimento escolar; diminuição da auto-estima; perda do auto-respeito; perda do autocuidado; redução de interesses; perda de vínculos sociais que não estejam ligados à droga; depressão; solidão; sentimentos de vazio; isolamento; promiscuidade; comportamentos infratores, etc. No caso da dependência os sintomas se agravam cada vez mais, podendo haver também desnutrição; autonegligência; ataques de pânico; evasão escolar; defasagem de valores morais e éticos; prostituição; psicoses, entre outros. Os principais sintomas relacionados ao vício e a dependência são: compulsão para usar a droga / buscar aquele prazer; tolerância aumentada; síndrome de abstinência. Os sintomas relacionados a esta, de acordo Dalgalarrondo (2000), são: ansiedade, inquietação, náuseas, tremor, sudorese, podendo, nos casos muito graves, ocorrer convulsões, coma e morte.

Escola

A escola, juntamente com a família, é um dos veículos formativos mais importantes para a vida e o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Cuja qual deve ser um lugar propício para o estabelecimento de valores morais e padrões de conduta. Estes aspectos quando bem internalizados são considerados fatores de proteção contra o uso de drogas, e, conseqüentemente, contra outros perigos relacionados (como tráfico; violência; agressividade; prática sexual inadequada; doenças transmissíveis; companhias inadequadas; comportamento infrator e delinqüente; evasão e fracasso escolar; etc). As estratégias utilizadas pelos pais e pela escola para educar crianças e adolescentes devem, sobretudo, prepará-los para socialização, sendo que esta deveria apresentar-se da maneira mais saudável possível.

Muitas pesquisas comprovam a relação entre estilos parentais e o consumo de drogas, afirmando que certas atitudes dos cuidadores podem proteger, ou não, os filhos contra consumo de drogas. A escola, quando bem direcionada, contribui muito com os pais no que diz respeito a esta prevenção. Tiba (2007) afirma que, os bons educadores têm meios de contribuir não só na prevenção do problema, mas também em sua detecção precoce. Assim como os psicólogos escolares. Estes têm papel fundamental dentro da escola no que diz respeito à prevenção e tratamento do uso de drogas e assuntos relacionados a este.

Atitudes do psicólogo escolar:

- Trabalhar e perceber as coisas através da perspectiva sistêmica. Percebendo a circularidade, complexidade, e multicausalidade dos fenômenos;

- Estimular a criação de vínculos afetivos;

- Acolher e escutar com interesse;

- Privilegiar o diálogo;

- Evitar ociosidade;

- Promover atividades de lazer e a associação da escola a um espaço de saúde;

- Procurar estar disponível para atender as solicitações no momento oportuno;

- Mobilizar a família do aluno;

- Respeitar;

- Trabalhar, sempre, com a auto-estima e autoconfiança do aluno;

- Evitar atitudes terroristas, preconceituosas, punitivas ou de repressão;

- Buscar o máximo de informações e ser franco e honesto com o aluno. Uma orientação errada pode fazer com que tudo o que foi dito perca a credibilidade;

- Falar de maneira clara e objetiva, certificando-se de que foi compreendido;

- Promover debates para que o aluno diga o que já sabe a respeito do assunto, e exponha suas dúvidas; e para que o psicólogo possa trazer novas idéias;

- Possibilitar que o aluno realize conquistas;

- Buscar a colaboração e apoio da escola, da comunidade, e principalmente das famílias dos alunos;

- No caso do uso de drogas, ser compreensivo, porém, não conivente;

- Ajudar o aluno no que diz respeito ao afastamento de ambientes ou pessoas com influências negativas;

- Ter grande resistência à frustração (devido ao fato de que recaídas, no caso da dependência química, são comuns);

- Trabalhar através da interdisciplinaridade.

Possíveis estratégias de ação

Sabe-se que informações sobre drogas diminuem a curiosidade a respeito destas. Com isto, a melhor maneira de prevenir, diminuir ou tratar o uso de drogas é através da informação e da conscientização. Para que a internalização destas informações sejam efetivas estas devem ser fornecidas em ocasiões nas quais o aluno esteja receptivo a ouvir. A melhor maneira de se intervir (a curto, médio, e longo prazo) na prevenção contra o uso de drogas através da promoção de práticas educativas. Isto através de trabalhos, que enfoquem as principais variáveis presentes no possível desenvolvimento de comportamentos anti-sociais, como: práticas parentais; relacionamento intrafamiliar; fracasso e evasão escolar; grupos desviantes; tempo ocioso na rua; valores morais; ensinamento de regras; etc.

É muito importante trabalhar com base nos temas transversais; promovendo um treinamento de todos os professores e funcionários para que as práticas parentais positivas sejam “transmitidas” pelo corpo docente da instituição.

Em relação à intervenção no que diz respeito ao relacionamento intrafamiliar, é fundamental realizar atividades que promovam o relacionamento saudável entre pais e filhos. Através de atividades que abram as portas da escola para a família. Por exemplo, o sábado dos pais na escola, onde haverá uma programação especial com pais e filhos, onde haveria jogos, brincadeiras, atividades organizadas pelos pais, pelos filhos, pela escola aumentando a interação entre os pais. Se possível haveria um desconto na mensalidade ou o ganho de alguma espécie de prêmio (viável para a instituição) para promover a motivação dos pais em participarem. Uma forma de atingir níveis elevados no que diz respeito à prevenção de comportamentos inadequados e comportamentos anti-sociais é através da motivação e disponibilidade dos pais dos alunos em colaborarem com o processo educativo.

É muito interessante também desenvolver programas de contra turno de reforço escolar. No qual os alunos com desempenho abaixo da média seriam auxiliados por professores e, principalmente, por alunos com bom desempenho, promovendo assim a interação entre os alunos; tentando evitar a formação de grupos de baixo desempenho escolar, ou envolvimento com grupos desviantes.

Outra forma de ação para prevenção do uso de drogas sé promover na escola atividades intraclasse, nas quais seriam formados grupos aleatórios para atividades coletivas; promovendo maior interação entre os alunos da sala, evitando a exclusão e o Bulling. Assim como atividades esportivas coletivas, nas quais a interação é fundamental para um bom desempenho. Ou criar atividades culturais e esportivas fora do horário de aula para evitar o tempo ocioso dos alunos; diminuindo a possibilidade que estes fiquem “pelas ruas”.

Por Adriano L. A. Watanabe e Poliana P. M. Pardal

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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Publicado por: Poliana Priscila Matos Pardal

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