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Relação família/escola: uma parceria importante no processo de ensino e aprendizagem

A importância da família e da escola no processo de ensino e aprendizagem.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

RESUMO

Abordar o tema família/escola no processo de ensino e aprendizagem sempre é muito desafiador. Esta pesquisa retrata a realidade onde a família e as escolas estão inseridas. A pesquisa foi realizada na escola da rede estadual de ensino, com os pais de alunos, e os professores da 2º fase do 2º ciclo, e também com as coordenadoras pedagógicas da escola. Nesse sentido a pesquisa tem como objetivo compreender a importância da relação família-escola no processo de ensino-aprendizagem do educando, sendo essa a principal questão a ser respondida nessa pesquisa. Fora uma produção de cunho qualitativo, sendo estruturada através de métodos investigativos em forma de estudo de caso, utilizando como técnicas de coletas de dados: questionários e entrevistas, fundamentada por diversos autores renomados neste assunto: Zagury (2004), Szvmanzki (2003), Maranhão (2004), Reis (2007), Arribas (2004), Mittler (2003), Bencini (2003), Freire (1997). E esta pesquisa “Relação Família/Escola: Uma parceria importante no processo de ensino e aprendizagem” é uma pequena contribuição para essa temática tão vasta, que a cada dia sofre modificações dependendo da realidade em que está sendo discutida.

PALAVRAS-CHAVE: Educação. Pesquisa. Necessidade.

Introdução

Lembrando que a educação é um assunto muito importante para estar apenas nas mãos da família ou da escola, no entanto são os principais pontos de sustentação do indivíduo, é que me proponho analisar essa relação por vezes conflitante, mas de extrema necessidade para a criança. Portanto, é essa educação partilhada é que constrói o caráter do cidadão consciente que buscamos ter hoje em nossa sociedade, pois a educação passa pela família e depois pela escola mostrando seus reflexos na sociedade. Considerando esta relação tão complexa e importante estarei desenvolvendo esta pesquisa com finalidade de tentar contribuir com esse tema, a fim de ressaltar quais os problemas enfrentados tanta pela família como pela escola e dessa forma sugerir projetos para melhorar a convivência das duas instituições.

Ressaltando os pontos positivos dessa relação, pois é a educação que constrói e orienta a formação do caráter da criança, assim a educação deve ser desenvolvida de acordo com a realidade social em que a criança está inserida.

Desenvolvimento

Cap. I – A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA ESCOLA

Quando falamos em educação de crianças, pode-se salientar duas instituições de extrema importância nesse processo: família e escola, com um objetivo único de conduzir a criança corretamente para que se torne um adulto responsável com futuro próspero. Pois na LDB (2004, p.27) afirma que;

Art.2º. A educação, dever da família e do estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Nessa perspectiva a família tem papel de extrema relevância na aprendizagem da criança, pois esta fortemente ligada ao papel da escola. Segundo Zagury (2002 p.175);

Hoje, a aproximação da instituição educativa com a família incita-nos a repensar a especificidade de ambas no desenvolvimento infantil. São ainda muitos os discursos sobre o tema que tratam à família de modo contraditório, considerando – a ora como refugio da criança, ora como uma ameaça ao seu pleno desenvolvimento.

Sendo a família assim é a primeira educadora da criança, responsável pelos primeiros passos dado por ela, segundo Szymanzki (2003 p.22) “é na família que a criança encontra os primeiros “outros” e, por meio deles, aprende os modos de existir – seu mundo adquire significado e ela começa a constituir-se como sujeito”.

Isso não quer dizer que a escola não possa ensinar valores morais e sociais, mas a escola além desses ensinamentos possui outras especificidades como salienta Szymanzki (2003 p. 99);

A escola, entretanto, tem uma especificidade – a obrigação de ensinar (bem) conteúdos específicos de áreas do saber, escolhidos como sendo fundamentais para a instrução de novas gerações. O problema de as crianças aprenderem fração é da escola. Família nenhuma tem essa obrigação.

Assim percebemos que as duas instituições possuem interesses comuns, mas cada uma com sua forma de educar. Desta maneira a família passa a participar da escola de diferentes maneiras, sendo até bem sutil como diz Szymanzki (2003 p.101);

“As famílias podem desenvolver práticas que venham a facilitar a aprendizagem na escolar (por exemplo: preparar para a alfabetização) e desenvolver hábitos coerentes com os exigidos pela escola (por exemplo: hábitos de conversação) ou não...”.

E é nesse sentido que a família passa a participar da escola, com pequenas intervenções no processo educacional da criança que gera grandes mudanças no seu comportamento e aprendizado.            

Sendo assim, a escola necessita da presença dos pais na escola, para que possam identificar quais as dificuldades que a criança encontra dentro e fora da escola.

A família não deve apenas criticar a escola, nem responsabilizá-la pelo fracasso escolar de seus filhos, ela deve sugerir propostas para a escola para complementar o ensino de seus filhos, deve-se interessar pelos problemas que seu filho possa encontrar nas disciplinas escolares e se precisam de ajuda

Neste contexto Maranhão (2004, p.89-90) enfatiza a importância da relação família-escola afirmando que:               

O que família e escola julgavam suficiente no que tange à educação, já não é. O ideal é que pais, professores e comunidade estreitem seus laços e torne a educação um processo coletivo. Mas não cabe aos professores educar os pais. Seu alvo é o aluno, independente da história familiar que carrega e o influencia.   

Segundo Maranhão, a escola deve priorizar a educação dos filhos, sendo este o seu alvo, mas existem contradições nessa realidade. Muitas vezes os pais não receberam educação quando pequenos e necessitam de ajuda, para desenvolverem atividades juntamente com seus filhos.

Dessa forma, é importante discutir: Qual é a importância da relação família-escola no processo educacional? De que maneira a família interfere no processo de aprendizagem da criança? E como essa relação família-escola pode contribuir para o desenvolvimento da identidade dessa criança. Esse questionamento faz parte de um processo que busca encontrar soluções além de procedimentos que permitam favorecer o desenvolvimento da criança.

As informações mencionadas são os resultados da coleta/análise da pesquisa realizada em campo, na escola estadual já mencionada, com os professores da 2ª fase do 2º ciclo, com as coordenadoras pedagógicas da escola e também com os pais dos alunos.

Primeiramente foi entregue aos pais da 2ª fase do 2º ciclo aleatoriamente um questionário contendo seis questões fechadas. Sendo a primeira pergunta a seguinte: Você participou de atividades realizadas pela escola de seu filho (a), 60% dos pais responderam que participam sempre, enquanto que 40% pais responderam que já participaram.

Com relação à participação ou não dos pais nas atividades da escola Szymanzki (2003, pág. 68) afirma que:

 [...] sua condição de famílias trabalhadoras dificulta um acompanhamento mais próximo do trabalho acadêmico das crianças. Sua baixa escolaridade também dificulta esse acompanhamento. Mas, mesmo assim, muitas demonstram boa vontade e colaboram [...].

Como o autor afirma, existem inúmeras dificuldades que a família enfrenta para colaborar com as atividades da escola, que vão desde baixa escolaridade dos pais quanto às condições financeiras da família, porém toda participação é de extrema importância, pois mostra à criança que a família está preocupada com sua educação, que dá importância na escola onde ele esta a maior parte do tempo, e que apesar de não estar presente sempre, faz o possível para estar.

Já no segundo questionamento perguntei aos pais se eles atendem as convocações de ir à escola, 60% dos pais responderam que às vezes atendem a essa convocação, enquanto que 40% responderam que vão sim.

No processo de aprendizagem da criança é necessário esse acompanhamento escolar, não somente quando a criança apresenta um mau desempenho, mas no decorrer de todo processo educacional. Através da pesquisa e perante as respostas dadas pelos pais, percebo que os mesmos não manifestam o interesse de ir à escola, talvez por não compreenderem como é relevante a participação e acompanhamento escolar de seus filhos. Neste sentido, Reis (2007, p.06) diz que:

Os pais devem tomar consciência de que a escola não é uma entidade estranha, desconhecida e que sua participação ativa nesta é a garantia da boa qualidade da educação escolar. As crianças são filhos e estudantes ao mesmo tempo. Assim, as duas mais importantes instituições da sociedade contemporânea, a família e a escola, devem unir esforços em busca de objetivos comuns.

Desta maneira se os pais tiverem uma participação efetiva na escola, e comparecerem quando solicitados, saberão das dificuldades e do desempenho escolar de seus filhos, dessa forma poderão ajudar as crianças.

No terceiro questionamento, perguntei se acham importante a participação dos pais ou responsáveis no processo de aprendizagem da criança, 100% dos pais responderam que sim. Todavia percebo um contra-senso nas respostas dos mesmos, se acham importante à participação dos pais na escola, como apenas 40% deles atendem as convocações de ir à escola, e outros 60% vamos apenas às vezes à escola quando solicitados.

Com relação à participação dos pais na escola, Arribas (2004, pgs. 393-394) destaca que “[...] a escola deverá fomentar e organizar sua tarefa de forma que pais e professores se envolvam em um objetivo comum: colaborar de forma ativa e responsável na educação das crianças”. Assim tanto a escola como pais devem estar preparados para trabalhar em conjunto no desenvolvimento do aprendizado da criança. Arribas (2004, p.394) afirma ainda que:

O contato dos educadores com a família é um imprescindível para obter uma visão completa e não escolar do aluno. Esse contato também é necessário para estabelecer um clima de confiança entre ambos, o que, sem duvida, resultará em beneficio da educação da criança.

Então verifica – se a necessidade da presença dos pais na escola, pois tanto um como outro poderão desempenhar suas atividades de forma que a criança seja a principal beneficiada.

No quarto questionamento perguntei aos pais se de fato conhecem a escola de seus filhos, 40% dos pais responderam que não conhecem, outros 40% que conhecem sim e 20% dos pais preferiram não opinar.

Perante as respostas coletadas dos pais, percebo que apesar de acharem importante sua participação na educação de seus filhos, muitos não conhecem a instituição que seu filho estuda. Desta forma como cobrar empenho de professores e de uma maneira geral da escola, sendo que nem ao menos conhecem a escola. Szymanzki (2003, p.75) reforça essa convivência dos pais na escola quando diz que:

Uma condição importante nas relações entre família e escola é a criação de um clima de respeito mútuo – favorecendo sentimentos de confiança e competência -, tendo claramente delimitados os âmbitos de atuação de cada uma. [...] A intermediação da comunidade, com a participação de seus representantes, também abre perspectivas de uma parceria, na qual a troca de saberes substitua a imposição e o respeito mútuo possa fazer emergir novos modelos educativos, abertos à contínua mudança.

Desta forma não há como contribuir com e educação da criança sem que pelo menos conheça a escola, instituição em que as crianças passam grande parte de seu tempo, na execução e elaboração de atividades. No quinto questionamento perguntei o que acham das atividades que a escola proporciona para a inclusão da família na escola, 80% dos pais responderam que são necessárias, porém não tem tempo para participar e 20% dos pais responderam que mostra o interesse da escola de ter os pais presente na educação das crianças. Sobre a importância dessa relação, e do trabalho conjunto com os pais Mittler (2003, p.205) afirma:

[...] Inventar modos novos de trazer os professores e os pais para uma relação de trabalho melhor é valida para a própria causa e também beneficia todas as crianças, os pais e professores. Além disso, pode provocar um impacto sobre a aprendizagem das crianças e promover a inclusão social, assim como a inclusão escolar [...].

No entanto, de acordo com os resultados obtidos na pesquisa observei que embora os pais acreditem que a participação da família seja importante, encontram diversos motivos para não se envolverem nos trabalhos escolares. Como o autor afirma acima, essa participação é válida, pois integra os pais na escola de forma que aconteça a inclusão da criança no ambiente escolar.

 Já no sexto questionamento perguntei se eles colaboram com seus filhos na realização das tarefas e atividades escolares que são levadas para casa, 80% dos pais responderam que sim, e 20% disseram que não colabora com seu filho(a). Desta forma percebemos como os pais notam que as tarefas escolares e o seu acompanhamento são importantes para o desenvolvimento da criança. De acordo com Bencini (2003, p. 38), “a participação da família é muito importante no desempenho escolar do aluno, e todo educador deseja que os pais acompanhem as lições de casa, participem das reuniões escolares e sejam cooperativos e atentos no desempenho escolar dos filhos na medida certa”. Assim ambos estarão atentos no desempenho da criança e poderão ajudar quando necessário.

Com os professores utilizei o questionário aberto, contendo cinco questões, onde os professores puderam expressar o que pensam sobre o tema abordado. O presente questionário foi respondido por duas professoras da 2ª fase do 2º ciclo, que nesta pesquisa serão chamadas de professora F e G.

Todos os questionamentos foram elaborados a fim de saber como os professores observam a participação da família na escola. Sendo a primeira pergunta a seguinte; “A participação dos pais ou responsáveis no processo de aprendizagem da criança se dá de que forma na instituição que você atua?”.

De acordo com as respostas dadas das professoras percebe-se um descontentamento em relação à participação dos pais na escola, a professora F diz que;

Durante o ano os pais pouco vêm para conversar com o professor e nas reuniões pedagógicas muitos deles ate vem, mas não esperam terminar e também não procura o professor de seu filho.

E a professora G, sobre o mesmo questionamento respondeu que “Quando convocamos para reunião, quando isso ocorre os pais vem com rapidez, e se não foi convocado não comparecem a escola. Assim percebemos que o interesse dos pais em participar das atividades e da vida escolar de seus filhos é pouca, só vão à escola quando seus filhos tem problemas. 

Segundo Reis (2007), a escola surgiu para complementar a educação familiar, por isso a necessidade dos pais sempre estarem buscando acompanhar o desempenho educacional de seus filhos.

Quando pergunto às professoras a que se deve a ausência dos pais, muitos são os argumentos utilizados pelos pais, assim como afirma a professora F, “muitos dizem que é falta de tempo. Mas acredito que não porque mesmo quando ela é convocada não aparece e o filho diz que ela não vai vir”. São inúmeras as “desculpas”, utilizadas pelos pais, a professora G diz que, “falta de tempo, trabalha no horário de aula”, esses são uns dos principais motivos alegados pelos pais para não comparecerem na escola.

Portanto, como os pais poderão acompanhar o desenvolvimento da criança se nem ao menos vão à escola pra saber como a criança está, se está de fato indo à escola, qual seu comportamento, etc?

Essa dificuldade encontrada por muitos pais pode na verdade ser oriundas de más recordações da sua vida escolar como afirma Mittler (2003 p.205-2006);

Os professores e os pais podem ser amigáveis, úteis e corteses mutuamente, mas há uma tensão subjacente inevitável que surge a partir do desequilíbrio de poder entre eles. Muitos pais sentem-se apreensivos e ansiosos quanto a irem ás escolas porque carregam consigo suas próprias histórias de experiência com os professores e com a escolarização.

Contudo, as professoras observam que quando a criança tem a participação dos pais na escola seu rendimento escolar é bem mais satisfatório, como menciona a professora F e G. A professora F responde que;

O aprendizado da criança que tem o acompanhamento em casa é muito melhor, a criança tem interesse de estudar. E aquela que não tem auxilio em casa ela é totalmente desmotivada.

Já a professora G quando questionada sobre esse dilema afirma que, “bem melhor, quando a criança tem ajuda em casa e ou orientação dos pais o processo de ensino aprendizagem é bem mais elevado”.

Por isso é necessária a presença da família na escola, sabemos que os pais possuem alguma dificuldade nos conteúdos propostos para seus filhos, mas não é necessário que saibam tudo. O seu interesse em acompanhar os estudos dos seus filhos, as atividades e as dificuldades encontradas por eles é maneira de estimular e participar da vida escolar das crianças. Segundo Mittler (2003, p.210):

Pais e mães são os primeiros, os principais e os mais duradouros educadores de suas crianças. Quando pais e profissionais trabalham juntos durante a infância, os resultados têm um impacto positivo no desenvolvimento da criança e na sua aprendizagem. Então, cada etapa do desenvolvimento deve buscar uma parceria efetiva com os pais.

Assim, quando questionei as professoras sobre as atividades que a escola propõe aos pais ou responsáveis para que tenham uma participação efetiva na escola se é suficiente, a professora F respondeu que “sim, durante o ano letivo são feitos vários eventos, mas são poucos que participam e são sempre os mesmos”. Já a professora G diz “não, os pais não precisam de uma proposta para ajudarem e acompanharem seus filhos”.

Desta forma percebo que as opiniões das professoras divergem uma da outra, mesmo sendo profissionais da mesma instituição.

Todas as atividades que são propostas à família sempre são bem vindas, pois o que a escola e a família querem são momentos em que ambas possam trabalhar, e ajudar-se mutuamente.

Talvez seja essa relação de companheirismo que pais e professores sintam falta, porque pensam estar trabalhando sozinhos, isolados uns dos outros, acredito que querem que esta relação seja uma relação que ambas possam apontar falhas e juntos possam solucionar eventuais dificuldades que surjam no decorrer do aprendizado da criança.

Portanto, Szymanzki (2003, p.98) ressalta o objetivo da família e da escola mencionando que:

O que ambas as instituições têm em comum é o fato de prepararem os membros jovens para sua inserção futura na sociedade e para o desempenho de funções que possibilitem a continuidade da vida social. Ambas possuem um papel importante na formação do individuo e do futuro cidadão.

Sabendo dessa importância da participação dos pais na vida escolar das crianças, perguntei às professoras se os pais auxiliam as crianças nas atividades propostas pela escola, as respostas das professoras não divergiram uma da outra. A professora F disse que “os pais auxiliam pouco nas atividades das crianças, muitos falam que não tem tempo. Na minha sala só oito alunos que as mães auxiliam nas tarefas, pesquisas etc.” Já professora G afirmou que “á vezes, os pais que acompanham o desenvolvimento do filho sempre auxiliam na sua aprendizagem”.

Assim sendo noto que geralmente os mesmo pais que participam de reuniões na escola, são os mesmos que participam e ajudam os filhos nas atividades escolares, ressaltando que é a minoria dos pais que colaboram.

Com relação à integração da família na escola, destacando os projetos que a escola pesquisada faz para que haja a participação da família na escola.

Em entrevista com a coordenadora aqui denominada de H, esta nos disse;

Uma das principais coisas que a gente faz, após principalmente, apos o conselho de classe nós fazemos bilhetes com assinatura do professor responsável e da coordenação, pros pais faz a convocação pra que eles vem para escola, pra gente ta colocando a dificuldade dos filhos, e também a gente aproveita as datas comemorativas pra fazer s reuniões, por exemplo, dia das mães, dia dos pais, festa junina, questão nos fizemos festa junina interna então a gente convida os pais nesses momentos, com a culminância de projetos, mais recente nosso foi o mãos a arte, que a gente faz um trabalho todo voltado durante o ano pra aquilo, e faz um momento de culminância desse projeto convida todos os pais para prestigiar seus filhos na apresentações, é a forma mais usada que a gente faz para chamar os pais pra escola.

Já a coordenadora I apontou que;

 A integração da família na escola se dá através das reuniões que a gente faz pra resolver algumas situações que vem do estado que a gente tem que resolver então a gente faz reuniões, faz apresentações de atividades da escola, teremos outra reunião este ano no encerramento do ano que vai falar sobre a diversidade cultural, e assim através dessas atividades nas formaturas dos alunos na final do ano, e engloba todas as atividades dos alunos e faz apresentação nessas reuniões. 

Percebo então que ambas coordenadoras utilizam de datas comemorativas, finalizações de projetos que foram desenvolvidos durante o ano letivo como estratégia para conseguirem ter algum contato com os pais ou responsáveis das crianças, e também assim obter uma aproximação dos pais nas atividades e do cotidiano escolar. A escola então busca dessa forma estabelecer uma parceria com a família. Neste sentido Mittler (2003, p. 213) observa que;

Uma verdadeira parceria, como em qualquer relação próxima, implica respeito mútuo baseado em uma vontade para aprender com o outro, uma sensação de propósito comum, um compartilhamento de sentimentos. Esses princípios e valores são relevantes para serem trabalhados com todos os pais e mães, mas eles representam somente a pedra fundamental de uma relação de trabalho com as famílias, as quais são diferentes entre si e têm necessidades distintas.

Mittler informa que embora tenham que estabelecer essa parceria, as famílias são diferentes umas das outras, algumas participam mais da escola, outros não, alguns pais vão à escola, outros sequer sabem o nome dos professores de seus filhos. E por isso devemos saber como tratar cada família e conhecê-las bem, pois cada uma possui uma história diferente da outra.

Por muito tempo as instituições família e escola trabalharam de maneira separada, considerada territórios diferentes. Mas com o passar dos anos tanto a escola como a família perceberam a necessidade de trabalharem em um senso comum, com a finalidade de contribuir para o aprendizado da criança.

Desta forma a LDB (2004, p.23) sobre a educação afirma;

Art.205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Desse modo à educação é dever da escola e da família, por isso se faz necessária a participação da família nos assuntos relacionados à escola. Quando entrevistei as coordenadoras da respectiva escola, sobre a participação da família as duas tiverem respostas semelhantes, como pode notar – se a seguir.

Coordenadora H:          

 É nos temos assim na questão do acompanhamento da aprendizagem ainda é uma participação muito pequena, a gente sente muito descrédito da família pra quanto a aprendizagem do filho, parece ainda que não tem consciência de que a criança ela precisa do apoio do pai, da mãe, ali diretamente, acha que a responsabilidade é só da escola, principalmente no 1º ciclo que nos temos o programa de acompanhamento da aprendizagem no 1 º ciclo os alunos precisam do acompanhamento desde a tarefa de casa, a presença, a justificação da falta, que não se deve faltar, e a gente vê que os pais parece que acham que não tem importância nenhuma que os alunos pode faltar, que o aluno pode fazer a tarefa do jeito que quiser, que não tem muito participação, nois fizemos reuniões que apareceram 4 pais, de uma turma de 18 alunos ..19 alunos, vem 4 pais para a reunião isso que é feito... nossa quando a gente fez essa reunião fizemos com bilhete pro pai assina que realmente ele recebeu aquele bilhete, que foi avisado, mas mesmo assim ele não comparece, a participação é muito pequena, assim eles vem quando, mas quando a gente convida pra culminância de um projeto de uma comemoração, reunião pra fala sobre a parte dos projetos pedagógicos da escola, o pessoal vem bastante, agora o acompanhamento direto na aprendizagem é muito pequena. 

Coordenadora I:

Bom esse ano a gente mudo a forma de trabalha com os pais, fazia reuniões com os pais, mas eles não participavam, participavam muito pouco, então que nos fizemos no começamos a chamar dependendo da dificuldade do aluno, a gente chamava o pai mandava bilhete, quando não atentava, não via pelo bilhete, a gente ligava, e foi assim que a gente trabalho,teve bons resultados crianças que saiam da casa e não tavam vindo pra escola também, desviando o caminho, e a gente conseguiu não 100%, mas eu acredito que uns 90% a gente conseguiu chega.

Conforme respostas de ambas as coordenadoras constata – se o esforço e a preocupação que a escola tem de trazer os pais para o cotidiano escolar. Porém também é presenciado que a maioria dos pais não atende essas convocações, pois como menciona a própria coordenadora, “de uma sala de dezenove alunos, quatro pais participaram o e atenderam as convocações da escola”.

Penso que os pais ainda não entendem como é fundamental o acompanhamento do aprendizado de seu filho, de como esse “cuidado”, pode contribuir para os laços de confiança entre eles. Sem mencionar como seria maior o rendimento dessas crianças quando falamos em ensino e aprendizagem.

Pois segundo Mittler (2003, p. 237);

Nenhuma escola é uma ilha e nenhuma escola pode ter sucesso sem desenvolver redes de parcerias com sua comunidade local, com pais de alunos passados, presentes e futuros, com outras escolas e outras agências.

Desta maneira é comprovada a necessidade da interação dos pais com a escola, pois como salienta o autor “a escola não é uma ilha”, e não sendo uma ilha não caminha sozinha precisa do apoio de todos para que juntos possam melhorar o ensino e aprendizagem de milhares de crianças.

Sabemos que a construção do conhecimento do ser humano é uma tarefa muito longa e que se inicia desde que nasce, principalmente nos anos iniciais onde acontece à construção do caráter do individuo. A família é o primeiro universo que a criança tem contato, logo após é a escola, por isso ambas as instituições devem ter uma relação de confiança, pois é isso que a criança necessita para melhorar seu processo de aprendizagem.

Quando questiono as coordenadoras sobre como a participação da família pode colaborar para o aprendizado da criança, as duas enfatizam bem que estas participações contribuem de inúmeras maneiras para melhorar o desempenho da criança na escola.

A coordenadora H diz que;

Olha eu acredito que a participação da família ela é fundamental, ate o carinho fato de você senta com o filho e ter um tempo de conversa com filho, elogia, cobra pra ele senti que é importante pro pai, que lê faz merece ser elogiado, merece ser cobrado, também a gente vê que as crianças que falam meu pai fica pegando no meu pé, sabe que as crianças que a família pega no pé, como diz eles a família participa efetiva eles vão bem na escola, agora aqueles que os pais não estão nem ai, eles também não estão nem ai, é isso que a gente percebe bastante em relação.

Já a coordenadora I:

Eu creio assim que muito que a criança que tem a maior participação dos pais na escola tem maior desenvolvimento, e aquelas crianças que os pais não participavam o rendimento é bem menor, a gente tem notado isso e inclusive a partir do momento que essas crianças que tinham o desenvolvimento baixo desenvolveram mais, nossa não foi 100% mas chegou o objetivo que a escola tava esperando, eu acho que foi bom a participação dos pais esse ano na escola.

 Notamos que as duas concordam quando dizem que a presença familiar no ambiente escolar aumenta o rendimento escolar, assim verificamos que a escola e os professores participaram dessa formação do conhecimento da criança quando têm uma relação próxima e aberta com seus alunos. Pois segundo Freire (1997, p.67);

[...] a escola democrática não apenas deve estar permanentemente aberta à realidade contextual de seus alunos, para melhor compreendê-los, para melhor exercer sua atividade docente, mas também disposta a aprender de suas relações com o contexto concreto. Daí, a necessidade de, professando-se democrática, ser realmente humilde para poder reconhecer-se aprendendo muitas vezes com quem sequer se escolarizou.

A escola democrática de que precisamos não é aquela em que só o professor ensina, em que só o aluno aprende e o diretor é o mandante todo-poderoso.

Desta forma percebemos na fala de Freire a constatação, não somente a família deve estar pronta para receber a escola, mas esta por sua vez também. Ter professores instruídos que possam através da realidade da criança elencar suas qualidades e capacidades e saber trabalhá-las em sala, para que assim todo o processo educativo dentro e fora da escola possa contribuir com o aprendizado da criança.

Conclusão  

Ao longo de minha pesquisa percebo que são várias as dificuldades citadas pela família e pela escola em relação a sua convivência, que por hora podemos dizer conflituosa, pois principalmente os pais não conseguem ver de que forma poderiam participar da vida escolar dos filhos. A escola por sua vez conforme a pesquisa acima relatada realiza atividades extracurriculares a fim de que os pais venham conhecer e participar da escola, para que seus filhos entendam que estão preocupados com sua educação e como isso é fundamental para a construção do conhecimento.

Contudo, os pais apresentam inúmeras respostas para sua ausência na escola, como reuniões no horário de trabalho, baixa escolaridade, não tem tempo para participar, assim fica impossibilitado a comunicação e principalmente a relação entre família e escola.

Penso que isso já é uma cultura das famílias de não participarem da vida escolar, pois são realizados projetos para que os pais participem; reuniões em diversos horários, então qual seria a justificativa dos pais ausentes, difícil resposta, a escola por sua vez não sabe mais como trazer estes pais ausentes para a convivência escolar. Nesta pesquisa ressalto como o desempenho da criança que possui o acompanhamento dos pais no que se refere à educação escolar é bem melhor do que a criança que não tem este acompanhamento, através dessa pesquisa gostaria de sensibilizar de como é de essencial importância que a família esteja presente na escola, como contribui para o ensino e a aprendizagem da criança, e como esta parceria entre família e escola é válida para a criança.

As crianças que não têm a família presente na escola, ou que os pais só vão à escola quando são chamados insistentemente porque seus filhos já se tornaram um problema na escola, essas crianças não têm um desempenho satisfatório na escola, segundo as coordenadoras da respectiva instituição onde foi realizada a pesquisa, estas crianças se sentem desamparadas e desmotivadas em relação a sua educação, pois seus pais não conhecem sua escola, muito menos o seu professor, então se acomodam e não se sentem estimuladas em aprender.

Acredito que está relação exige ainda muitos estudos a serem desenvolvidos, porque são inúmeras as dificuldades na relação família/escola que necessitam de repostas. Gostaria de salientar que desde o inicio desta pesquisa existiu inúmeras dificuldades de entendimento e finalização desta pesquisa, e neste momento quero apresentar algumas das propostas que penso que se realizadas tanto pela família, como pela escola pode melhorar esta relação.

Escola: a escola pesquisada oferece oportunidades para a participação dos pais na escola, mas acredito que novos projetos são sempre bem vindos para que os pais possam colaborar com a escola, proporcionar socializações fora do ambiente escolar, assim os pais não sentiriam pressionados em falar a respeito de seus e filhos e principalmente de como vêem a escola.

Família: acredito que a família deve, no caso de não ter tempo, encontrar este tempo para estar e acompanhar seus filhos na escola, porque dessa forma a família estará juntamente com a escola fazendo o papel de formadores do conhecimento da criança.

Assim ela se sentirá motivada em participar das atividades escolares, e seu desempenho melhorará com certeza. Se por ventura os pais encontrarem dificuldades em tarefas escolares, ou atividades similares, penso que existe outras formas de estar presente na escola, como ajudar em organização de trabalhos extracurriculares, limpeza e merenda escolar, atividades que os pais possam fazer de tal modo que se sintam participantes da escola, estabelecendo dessa forma uma a relação contínua e duradoura entre família/escola.

Referências

BENCINI, Roberta. Como atrair os pais para a escola. In Revista Nova Escola. p.38. Ano XVIII , nº 166, Outubro de 2003.

FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não. Cartas a quem ousa ensinar. São Paulo, Olho d’ Água: 1997.

MARANHÃO, Magno de Aguiar. Educação brasileira: resgate, universalização e revolução. Brasília, Plano: 2004.

MITTLER, Peter. Educação Inclusiva: contextos sociais. Porto Alegre, Artmed: 2003.

REIS, Risolene Pereira. Relação família e escola: uma parceria que dá certo. Mundo Jovem: um jornal de idéias. p. 06. Ano XLV –n° 373 - Fevereiro de 2007.

SZYMANZKI, Heloisa. A relação família/escola: desafios e perspectivas. 1ºreimpressão. Brasília, Plano Editora: 2003.

ZAGURY, Tânia. O professor refém: para pais e professores entenderem por que fracassa a educação no Brasil. Rio de Janeiro, Record: 2006.


Publicado por: Rejane Nubia Gossler Lima

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