Whatsapp

O papel da ludicidade: Escola Cecília Castro Barbosa

O uso do lúdico pelos professores da Escola Cecília Castro Barbosa.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Resumo

O presente artigo tem por finalidade além de descobrir como os professores da Escola Cecilia Castro Barboza utilizam o Lúdico conscientizar o educador de que os problemas referentes à alfabetização estão relacionados às práticas educativas (métodos de ensino). Portanto, tem como objetivo repensar qual o papel da infância na primeira fase do primeiro ciclo, a criança como sujeito de direitos ou um adulto em miniatura que prepara para o futuro, o referencial teórico que pauta o artigo em questão é a perspectiva histórico-cultural. A pesquisa é de abordagem qualitativa, tendo os levantamentos bibliográficos e de campo a fim de conhecer qual o papel das atividades lúdicas, se os professores utilizam brincadeiras e jogos como suporte da aprendizagem ou se utilizam outros métodos e por que. A interpretação de dados baseou-se nas categorias apontadas pelos registros de campo.

Palavras-chave: lúdico, ensino, jogos, infantil.

INTRODUÇÃO

Nas palavras de Wajskop (1995, p. 28), a brincadeira consiste num fato social, espaço privilegiado de interação, atividade cuja base genética é comum à arte; uma atividade voluntária, consciente e organizada. Na perspectiva vygotskyana, brincadeira é coisa séria, pois brincando as crianças representam aquilo que não são, mas gostariam de ser, isto é, um constante faz-de-conta. Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são adquiridas no brinquedo.

Segundo Barros (citado por Santos, 1996, p. 110 e 111), jogos são todas as atividades da criança, desde as mais simples atividades motoras até as atividades mentais.

O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação expressão e construção do conhecimento.

O presente estudo se realiza sobre a importância do lúdico na primeira fase do primeiro ciclo, vivenciando a maneira alegre de ensinar juntamente com o prazer de aprender. Por meio das atividades metodológicas, com alegria para despertar o prazer da descoberta para a construção do conhecimento com um sabor gostoso, de aprender brincando.

Proporcionando a essas crianças um ambiente gostoso, envolvendo músicas, jogos, desafios, junto com a criatividade da criança para a construção do seu conhecimento.

Pois a maneira lúdica de ensinar, é fundamental pra a criança, porque ela precisa de alegria, brincadeiras, jogos, músicas, teatros, dramatizações, enfim, a criança necessita de desafios, onde precisa saber respeitar o limite de cada brincadeira, desde que desperte o interesse e a motivação das crianças na construção e reconstrução do conhecimento.

Tudo que se desenvolve com prazer, com certeza se obterá um grande sucesso. Quando uma criança se sente atraída com o lúdico, ela aprenderá e crescerá espontaneamente.

Portanto, ainda se deparo com ambientes escolares nada atrativos para as crianças, onde se entregam à monotonia de ensinar esquecendo que com o lúdico a criança aprende brincando.

O brincar é uma atividade natural da criança, então, deve dar mais importância da pratica lúdica. Assim, deve ser de suma importância a valorização do lúdico no processo da formação da criança. Pois, jogos, brinquedos, brincadeiras, são atividades fundamentais da infância. O lúdico favorece a imaginação, a confiança e a curiosidade, proporciona a socialização, desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da criatividade e concentração.

 Segundo o psicólogo Vigotsky (citado por Wajskop, 2005, p. 32 e 33), “é na brincadeira que a criança se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além do seu comportamento diário”. A criança vivencia uma experiência no brinquedo como se ela fosse maior do que é na realidade.

Ainda para este pesquisador, o brinquedo fornece estrutura básica para mudanças das necessidades e da consciência da criança. A ação infantil na esfera imaginativa, em sua situação imaginária, a criação das intenções voluntárias e a formação dos planos de vida real e motivações volitivas aparecem no brinquedo, que se constitui no mais alto nível de desenvolvimento pré-escolar.

Pois, quando brincam, ao mesmo tempo em que desenvolvem sua imaginação, as crianças podem constituir relações reais entre elas e elaborar signos de organização e convivência.

O desenvolvimento da criança deve se dar por completo, tanto no físico, emocional, intelectual e social, e, para isso, a criança deve sentir o prazer para aprender, onde o lúdico proporciona à criança construir e elaborar a relação eu-mundo; pois além do prazer proporcionado através do brincar, domina suas angústias, controle idéias e impulsos que conduzem às mesmas, caso não sejam dominados.

Dessa forma a brincadeira não é uma atividade inata, mas sim uma atividade social e humana e que supõe contextos sociais, a partir dos quais as crianças recriam a realidade através da utilização de sistemas simbólicos próprios.

No entanto é uma atividade social aprendida através das interações humanas. É o adulto ou as crianças mais velhas que ensinam o bebê a brincar, interagindo e atribuindo significado aos objetos e às ações, introduzindo a criança no mundo da brincadeira.

A verdadeira educação é aquela que cria na criança o melhor comportamento para satisfazer suas múltiplas necessidades orgânicas e intelectuais – necessidade de saber, de explorar, de observar, de trabalhar, de jogar, em suma, de viver –, a educação não tem outro caminho senão organizar seus conhecimentos, partindo das necessidades e interesses da criança.

Maria Montessori (1870-1952) constitui a referência obrigatória de toda reflexão pedagógica sobre o ensino pré-elementar. Tendo encontrado em Frebel a idéia dos jogos educativos, ela remonta à necessidade desses jogos para a educação de cada um dos sentidos.

Jean Piaget cita em diversas de suas obras fatos e experiências lúdicos aplicados em crianças, e deixa transparecer claramente seu entusiasmo por esse novo processo. Para ele, os jogos não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energias das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.

Na tentativa que a criança faz para assimilar uma realidade, e não possuindo ainda estruturas mentais plenamente desenvolvidas ela aplica os esquemas de que dispõe, reconstruindo esse universo próximo, com o qual convive. Em muitos casos, essa tentativa de reconstruir a realidade acaba deformando-a de modo “egocêntrico”, pois, “sob essas formas iniciais, constitui uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando a realidade de acordo com as múltiplas necessidades do ‘eu’”.

Para Piaget, os jogos tornam-se mais significativos à medida que a criança se desenvolve, pois a partir da livre manipulação de materiais variados, ela passa a reconstruir objetos, reinventar as coisas, o que já existe uma adaptação mais completa. Essa adaptação, que deve ser realizada pela infância, consiste numa síntese progressiva da assimilação com a acomodação. É por isso que, pela própria evolução interna, os jogos das crianças se transformam pouco a pouco em construções adaptadas, exigindo sempre mais trabalho efetivo, a aponto de, nas classes elementares de uma escola ativa, todas as transições espontâneas ocorrem entre o jogo e o trabalho.

Para Vygotsky (1994, p.103), “a aprendizagem e o desenvolvimento estão estritamente relacionados, sendo que as crianças se inter-relacionam com o meio objeto e social, internalizando o conhecimento advindo de um processo de construção.”

O brincar permite, ainda, aprender a lidar com as emoções. Pelo brincar, a criança equilibra as tensões provenientes de seu mundo cultural, construindo sua individualidade, sua marca pessoal e sua personalidade.

Desta forma, a escola deve facilitar a aprendizagem utilizando-se de atividades lúdicas que criem um ambiente alfabetizador para favorecer o processo de aquisição de autonomia de aprendizagem. Para tanto, o saber escolar deve ser valorizado socialmente e a alfabetização deve ser um processo dinâmico e criativo através de jogos, brinquedos, brincadeiras e musicalidade.

Com a utilização desses recursos pedagógicos, o professor poderá utilizar-se, por exemplo, de jogos e brincadeiras em atividades de leitura ou escrita em matemática e outros conteúdos, devendo, no entanto, saber usar os recursos no momento oportuno, uma vez que as crianças desenvolvam o seu raciocínio e construam o seu conhecimento de forma descontraída.

A escola deve partir de exercícios e brincadeiras simples para incentivar a motricidade e as habilidades normais da criança em um período de adaptação para, depois, gradativamente complicá-los um pouco possibilitando um melhor aproveitamento geral.

1. 2  O papel da ludicidade na primeira fase do primeiro ciclo da escola Cecília Castro Barbosa

A brincadeira infantil pode constituir-se em atividades em que as crianças, sozinhas ou em grupo, procuram compreender o mundo e as ações humanas nas quais se inserem cotidianamente.

Piaget (197, p. 60) apud Lanz(2011, p. 09) diz que “a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança.” De acordo com as autoras as atividades lúdicas é uma forma de entretenimento para que as crianças gastem suas energias.

Segundo mesmo autor Piaget (1976, p.160), afirma que,

 O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil.

Enquanto Jean Piaget destaca que o jogo representa a predominância da assimilação sobre a acomodação. Assim, a imitação, o desenho e a linguagem, contribuem para a construção da representação pela criança. Já para Wallon, o jogo é uma forma de organizar o acaso, de superar repetições. No jogo a criança manifesta suas disponibilidades da ação.

O brinquedo é a oportunidade de desenvolvimento. Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporcionam o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e da atenção.

Brincando, a criança pode vivenciar uma mesma situação diversas vezes. Isso, além de permitir que ela repita brincadeiras que lhe dão prazer, possibilita que ela solucione problemas e aprenda processos e comportamentos adequados.

O brinquedo traduz o real para a realidade infantil. Suaviza o impacto provocado pelo tamanho e pela força dos adultos, diminuindo o sentimento de impotência da criança. Brincando, sua inteligência e sua sensibilidade estão sendo desenvolvidas. A qualidade de oportunidade que estão sendo oferecidas à criança através de brincadeiras e de brinquedos garante que suas potencialidades e sua afetividade se harmonizem.

Para Pinto (2003, p. 42) “a criança é que dá vida ao brinquedo e pode transformar, como num conto de fadas, uma abóbora numa carruagem, uma vassoura num cavalo veloz; uma panela vira um chapéu...” O brinquedo na verdade, preenche necessidades, entendendo-se estas necessidades como motivos que impulsionam a criança à ação. São exatamente estas necessidades que fazem a criança avançar em seu desenvolvimento.

A brincadeira é alguma forma de divertimento típico da infância, isto é, uma atividade natural da criança, que não implica em compromissos, planejamento e seriedade e que envolve comportamentos espontâneos e geradores de prazer. Brincando a criança se diverte, faz exercícios, constrói seu conhecimento e aprende a conviver com seus amigos.

A brincadeira infantil é um importante mecanismo para o desenvolvimento da aprendizagem da criança. É importante que a criança tenha um tempo livre, sem atividades agendadas, no qual possa escolher o que quer fazer, inventar coisas, jogar, conviver com amigos sem um objetivo estabelecido pelo adulto.

VYGOTSKY (1989, p.53) aponta, também, que “toda atividade lúdica da criança possui regras. A situação imaginaria de qualquer tipo de brinquedo já contém regras que demonstra características de comportamento”.

Nesse sentido o lúdico é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, pois o processo de vivenciar situações imaginárias leva a criança ao desenvolvimento do pensamento abstrato, quando novos relacionamentos são criados entre significações e interações com objetos e ações.

É evidente que as dificuldades e limites impostos pelo jogo, pela brincadeira, certamente contribuirão para melhorar a capacidade das crianças enfrentarem os problemas e melhor desenvolverem suas habilidades básicas para a sua própria inserção no mundo de forma adequada e com capacidade de lidar com as frustrações de forma organizada.

BENJAMIM (1984, p. 64) um crítico da cultura, que analisando a obra de Gröber diz que o brinquedo é condicionado pela cultura econômica e, sobretudo pela técnica das coletividades. O autor, mesmo distante da psicologia histórico-cultural, em sua investigação teórica, dela se aproxima na medida em que conclui que a brincadeira determina o conteúdo imaginário.

O brincar traz imaginação, libertação e transforma os objetos em brinquedos.  Estes possuem um diálogo simbólico e uma íntima relação com o povo, com a cultura.  É nas brincadeiras que os hábitos são internalizados, uma vez que a criança adora repetir, possui fascínio em querer sempre saborear de novo a vitória de um saber fazer.

Para Benjamin, brincadeira é coisa séria, sendo que a seriedade e a alegria da criança, movida por força comovente, despertam naquele que olha a visão da culpa e da felicidade. O mergulho da criança no mundo mágico não é sentimental ou vago, resulta numa percepção precisa do cotidiano.

Neste aspecto alerta que é preciso não mudar o universo lúdico de acordo com as preferências do educador, pois este fato anula a cultura infantil.

Muitas das crianças escolhem seus brinquedos entre os objetos que foram jogados pelos adultos, por este fato, existem brinquedos que desenvolvem a fantasia, e existem aqueles impostos pelos adultos para a criança por falta de entendimento do universo infantil e de diálogo. Finalmente os brinquedos escolhidos pelos adultos demonstram como se colocam em relação ao mundo da criança – através do brinquedo o adulto transmite como percebe e compreende o mundo infantil, mas são as crianças que dão os mais variados significados aos brinquedos

Nesse sentido percebe-se que as atividades lúdicas são muito significativas para as crianças e o professor que pretende ter um bom resultado na aprendizagem dos alunos das séries iniciais não podem abrir mão de jogos e brincadeiras para que a aprendizagem aconteça de forma efetiva.

Porém as brincadeiras ao serem inseridas no planejamento do professor não devem servir de meras atividades de diversão ou apenas nos momentos de educação física, o papel do professor nesse quesito deve ser de utilizar as brincadeiras como ferramenta de trabalho, atribuindo a elas significados e objetivos, pois brincar apenas por brincar não trará resultados imediatos  e /ou esperados.

Segundo ALMEIDA (1987 P. 195) diz que:

A educação lúdica pode ter duas conseqüências, dependendo de ser bem ou mal utilizada:

I. A educação lúdica pode ser uma arma na mão do professor desesperado, arma capaz de mutilar, não só o verdadeiro sentido da proposta, mas servir de navegação do próprio ato de educar.

ll. A educação lúdica pode ser para o professor competente um instrumento de unificação, de liberdade e de transformação das reais condições em que se encontra o educando. É uma prática desafiadora, inovadora, possível de ser aplicada.

O material pedagógico não deve ser visto como um objeto estático sempre igual para todos os sujeitos, pois, trata-se de um instrumento dinâmico que se altera em função da cadeia simbólica e imaginária do aluno. Apresenta um potencial relacional, que pode ou não desencadear relações entre as pessoas.

O jogo é considerado como um preparo da criança para a vida adulta. Brincando, a criança aprende, e aprende de uma forma prazerosa. O ato de brincar constitui-se numa característica universal, independente de épocas ou civilizações.

A partir da vivência com o lúdico, as crianças podem recriar sua visão de mundo e o seu modo de agir. Os jogos podem ser empregados no trabalho da ansiedade, pois, esse sentimento compromete a capacidade de atenção, de concentração, as relações interpessoais, a auto-estima, e, conseqüentemente, a aprendizagem.

Através dos jogos competitivos e com a aplicação das regras, os limites podem ser revistos e as crianças desenvolvem conceitos de respeito e regras, tudo isso de uma maneira prazerosa. O lúdico proporciona à criança experiências novas, na medida em que esta erra, acerta, reconhecendo-se como capaz; desenvolvendo sua organização espacial e ampliando seu raciocínio lógico na medida que exige estratégias de planejamento e estimula a criatividade.

É desta forma que a criança constrói um espaço de experimentação, de transição entre o mundo interno e o externo. Neste espaço transacional, dá-se a aprendizagem.

A ludicidade, tão importante para a saúde mental do ser humano é um espaço que merece atenção dos pais e educadores, pois é o espaço para expressão mais genuína do ser, é o espaço e o direito de toda a criança para o exercício da relação afetiva com o mundo, com as pessoas e com os objetos.

O lúdico possibilita o estudo da relação da criança com o mundo externo, integrando estudos específicos sobre a importância do lúdico na formação da personalidade. Através da atividade lúdica e do jogo, a criança forma conceitos, seleciona idéias, estabelece relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis com o crescimento físico e desenvolvimento e, o que é mais importante, vai se socializando.

A convivência de forma lúdica e prazerosa com a aprendizagem proporcionará a criança estabelecer relações cognitivas às experiências vivenciadas, bem como relacioná-la as demais produções culturais e simbólicas conforme procedimentos metodológicos compatíveis a essa prática.

De acordo com Nunes, a ludicidade é uma atividade que tem valor educacional intrínseco, mas além desse valor, que lhe é inerente, ela tem sido utilizada como recurso pedagógico.

Segundo Teixeira 1995 (apud NUNES), diz que:

Várias são as razões que levam os educadores a recorrer às atividades lúdicas e a utilizá-las como um recurso no processo de ensino-aprendizagem:

• As atividades lúdicas correspondem a um impulso natural da criança, e neste sentido, satisfazem uma necessidade interior, pois o ser humano apresenta uma tendência lúdica;

• O lúdico apresenta dois elementos que o caracterizam: o prazer e o esforço espontâneo.

Ele é considerado prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o indivíduo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. É este aspecto de envolvimento emocional que o torna uma atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia. Em virtude desta atmosfera de prazer dentro da qual se desenrola, a ludicidade é portadora de um interesse intrínseco, canalizando as energias no sentido de um esforço total para consecução de seu objetivo.

Portanto, as atividades lúdicas são excitantes, mas também requerem um esforço voluntário. As situações lúdicas mobilizam esquemas mentais. Sendo uma atividade física e mental, a ludicidade aciona e ativa as funções psico-neurológicas e as operações mentais, estimulando o pensamento.

Em geral, o elemento que separa um jogo pedagógico de um outro de caráter apenas lúdico é este: desenvolve-se o jogo pedagógico com a intenção de provocar aprendizagem significativa, estimular a construção de novo conhecimento e principalmente despertar o desenvolvimento de uma habilidade operatória, ou seja, o desenvolvimento de uma aptidão ou capacidade cognitiva e apreciativa específica que possibilita a compreensão e a intervenção do indivíduo nos fenômenos sociais e culturais e que o ajude a construir conexões.

1.1.1      Metodologia da pesquisa

O presente estudo foi realizado buscando pesquisas bibliográficas e de campo a fim de conhecer qual o papel das atividades lúdicas, e se os professores utilizam brincadeiras e jogos como suporte da aprendizagem ou se utilizam outros métodos e por que. Obtida com a participação de professores da primeira  fase do primeiro ciclo sobre a utilização do lúdico em sala de aula da Escola Estadual Cecília Castro Barbosa. Dessa forma busquei pesquisas bibliográficas e os autores os quais me baseie para elaboração final deste trabalho como, por exemplo: Wallon, Piaget e Vygotsky.

1.1.2 Conclusão

Levando em consideração que a primeira fase do primeiro ciclo é fundamental para que as crianças estabeleçam a base da aprendizagem e que muitas vezes nessa fase trabalha-se de forma muito tradicional deixando de explorar o potencial da criança. Sabendo que atividades lúdicas nessa fase são de suma importância para o desenvolvimento dos alunos.

Para Ferreiro, (1999, p.26) “o ensino tradicional obrigou as crianças a reaprender a produzir os sons da fala, pensando que, se eles não são adequadamente diferenciáveis, não podendo escrever num sistema alfabético”.Tradicionalmente, as investigações sobre as questões de alfabetização giram em torno de uma única pergunta: “como ensinar a ler e escrever?”.

Segundo Poppovic (1968, p. 5), “a prontidão para alfabetização significa ter um nível suficiente sob determinados aspectos para iniciar o processo da função simbólica que a leitura e a sua transposição gráfica que é a escrita.” (Assunção José & Coelho, 1982).

Como a escrita é uma função culturalmente mediada, a criança se desenvolve numa cultura letrada e está exposto aos diferentes usos da linguagem escrita e ao seu formato, tendo diferentes concepções a respeito desse objetivo cultural ao longo de seu desenvolvimento. A principal condição necessária para que uma criança seja capaz de compreender adequadamente o funcionamento da língua escrita, é que essa criança descubra que a língua escrita é um sistema de signos que não tem significado em si. Os signos representam outra realidade, isto é, o que se escreve, tem uma função instrumental, funcionando como suporte para a memória e a transmissão de idéias e conceitos.

Nesse sentido afirma Vygotsky (1998, p.154) que “a compreensão da escrita é efetuada, primeiramente, através da linguagem falada.” Dessa forma às crianças que não sabiam ler e escrever memorizava uma série de sentenças faladas por ele. Propositalmente, o número de sentenças era maior do que aquele que a criança conseguiria lembrar-se. Depois de ficar evidente para a criança sua dificuldade em memorizar todas as sentenças faladas, o experimentador sugeriu que ela passasse a “escrever” as sentenças, como ajuda para a memória.

A partir da observação da produção de diversas crianças nessa situação, foi delineado um percurso para a pré-história da escrita. As crianças, inicialmente, imitaram o formato da escrita do adulto produzindo apenas rabiscos mecânicos sem nenhuma função instrumental, isto é, nenhuma relação com os conteúdos a serem representados. Obviamente, esse tipo de grafismo não ajudava a criança em seu processo de memorização. Ela não era capaz de utilizar sua produção escrita como suporte para a recuperação da informação a ser lembrada.

Vygotsky (1987.p,134) cita a importante mencionar a língua escrita, como a aquisição de um sistema simbólico de representação da realidade. Na qual se contribui para esse processo o desenvolvimento dos gestos, dos desenhos e do brinquedo simbólico, pois essas são também atividades da caráter representativo, isto é, utilizam-se de signos para representar significados. Confirma ainda que o desenhar e brincar deve,

Ser estágios preparatórios ao desenvolvimento da linguagem escrita das crianças. Os educadores devem organizar todas essas ações e todo o complexo processo de transição de um tipo de linguagem escrita para outro. Devem acompanhar esse processo através de seus momentos críticos até o ponto da descoberta de que se pode desenhar não somente objetos, mas também a fala. Se quiséssemos resumir todas essas demandas práticas e expressá-las de uma forma unificada, poderíamos dizer o que se deve fazer é, ensinar às crianças a linguagem escrita e não apenas a escrita de letras. (Vygotsky, 1987, p.134).

O teórico Piaget confirma a importância do lúdico para a educação da criança.

Para Piaget (2003,p.160) fala que,

O jogo é portanto, sob as duas formas essenciais de exercício sensoriomotor e de simbolismo, uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu.[...] A adaptação completa que deve ser realidade pela infância consiste numa síntese progressiva de assimilação com a acomodação.

 Sendo assim, essa adaptação só é possível, a partir do momento em que em que ela própria evolui internamente, transformando essas atividades lúdicas, que é o concreto da vida dela, em linguagem escrita que é o abstrato.

Sendo assim, o educador deve fazer do lúdico uma arte, um instrumento para promover a facilitar a educação da criança. A melhor forma de conduzir a criança à atividade, à auto-expressão e à socialização seria através do método lúdico.

Esse estudo feito com os professores do primeiro ciclo da primeira fase  a fim de conhecer qual a concepção dos mesmos a respeito do lúdico. Se percebe que as atividades lúdicas não são levadas tão a sério, pois ainda ao ver desses professores são vistas como meras brincadeiras. A brincadeira é, assim, um espaço de aprendizagem significativa para a criança tal como afirma, Bob Franklin (O Lúdico Ilumina a Infância,

A infância não é uma experiência universal de qualquer duração fixa, mas é diferentemente construída, exprimido as diferenças individuais relativas à inserção de gênero, classe, etnia e histórias. Distintas culturas, bem como as histórias individuais, constroem diferentes mundos da infância. (www.terra.com.br/educaçao/teletrabalho/pedagoludico.htm)

A finalidade de trabalhar o lúdico como possibilidade na Educação Infantil é importante que ela viva o presente com todos os seus direitos. Na busca da superação desta escola castradora e excludente, é fundamental que o educador considere toda a riqueza da cultura lúdica infantil, e todo repertorio corporal que a criança traz consigo para a escola. É através do lúdico que a criança vive seu próprio corpo, se relaciona com o outro e o mundo ao seu redor.

Dessa forma todo o trabalho lúdico, só será verdadeiro se o educador estiver apto para realizá-lo. Onde nada terá aproveito, se não houver o conhecimento da importância da educação lúdica. Sabemos que, para orientar essas crianças com um significado amplo, há necessidade de estudo e preparo do educador.

É com o trabalho lúdico que o educador desperta na criança o interesse e o gosto pelos estudos, buscando um total conhecimento. O educador, apesar do seu trabalho lúdico com as crianças de maneira prazerosa e com sucesso na aprendizagem da criança, precisa de: ser coletivo e dinâmico; ser pesquisador, analista, questionador, avaliador das práticas pedagógicas; aplicar o lúdico de acordo com as tendências pedagógicas seu aluno; conhecer os estágios de desenvolvimento do aluno; respeitar o limite de cada criança.

Pois percebe, que o educador deve ter segurança na sua maneira lúdica de trabalhar e, para isso, é preciso que busque alternativas variadas, pois quanto mais conhecimento o educador tiver, mais segurança terá na execução do seu trabalho lúdico. Sabemos que isso é um grande desafio, pois para trabalhar com a educação lúdica, o professor deve ser um especialista na arte de ensinar.

Na questão das atividades lúdicas, percebe-se que os professores da Escola Estadual Cecília Castro Barbosa, dizem que as atividades lúdicas tem objetivos, porém falta defini-los com mais clareza, isso demonstra ainda uma falta de conhecimento a respeito do assunto.

As brincadeiras, para a criança, constituem atividades primárias que trazem grandes benefícios do ponto de vista físico, intelectual e social. Como benefício físico, o lúdico satisfaz as necessidades de crescimento e de competitividade da criança. Os jogos lúdicos devem ser a base fundamental dos exercícios físicos impostos às crianças pelo menos durante o período escolar. Como benefício intelectual, o brinquedo contribui para a desinibição, produzindo uma excitação mental e altamente fortificante.

Assim sendo como benefício social, a criança, através do lúdico representa situações que simbolizam uma realidade que ainda não pode alcançar; através dos jogos simbólicos se explica o real e o eu. Por exemplo, brincar de boneca representa uma situação que ainda vai viver desenvolvendo um instinto natural.

No entanto o benefício didático, as brincadeiras transformam conteúdos maçantes em atividades interessantes, revelando certas facilidades através da aplicação do lúdico. Outra questão importante é a disciplinar, quando há interesse pelo que está sendo apresentado e faz com que automaticamente a disciplina aconteça.

Concluindo, os benefícios didáticos do lúdico são procedimentos didáticos altamente importantes; mais que um passatempo; é o meio indispensável para promover a aprendizagem disciplinar, o trabalho do aluno e incutir-lhe comportamentos básicos, necessários à formação de sua personalidade.

Para alguns pensadores, as atividades lúdicas realizadas pelas crianças permitem que elas se desenvolvam, alcançando objetivos como a linguagem, a motricidade, a atenção e a inteligência.

No entanto, o papel da escola é promover a facilitação corporal (conhecimento do corpo e suas potencialidades); exercícios realizados com olhos fechados facilitam esse conhecimento; - espacial, posicionado a criança em espaços diferenciados; - temporal vivida a partir da marcação rítmica, - escrita, através da movimentação ampla, direção esquerda - direita.

Em suma, a escola deve aproveitar as atividades lúdicas para o desenvolvimento físico, emocional, mental e social da criança. Linguagem e brinquedo mostram sua origem comum em vários aspectos. Através do símbolo lúdico corporal e concreto, orienta-se a criança para as palavras.

Com base no que foi estudo, podemos afirmar que a possibilidade de o jogo imaginário ser usado para facilitar a aquisição da linguagem, tanto oral como escrita, sendo que, para isso acontecer, deve existir um paralelo entre a linguagem e a ação que envolve, relação entre dois modos de atuar, o lúdico e o lingüístico.

1.1.3 Referências

ALMEIDA, Anne. Ludicidade como instrumento pedagógico. Disponível em: http://www.cdof.com.br/recrea22.htm. Acesso no dia 19 de fevereiro de 2006.

FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

http://www.terra.com.br/educaçao/teletrabalho/pedagoludico.htm. Acesso no dia 19 de março de 2009.

OLIVEIRA, Sâmela Soraya Gomes de, DIAS, Maria da Graça B. B. e ROAZZI, Antonio. O lúdico e suas implicações nas estratégias de regulação das emoções em crianças hospitalizadas. Psicol. Reflex. Crit. 2003, vol.16.

PINTO,Marly Rondan, Formação e aprendizagem no espaço lúdico: uma abordagem interdisciplinar-São Paulo: Arte& Ciência,2003

PIAGET, Jean. Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro: Forense, 1976.

_______, Jean. Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro: Forense, 2003.

POPOVIC, A. M. Alfabetização: Disfunções psiconeurológicas. São Paulo: Vetor, 1968.

SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.

 VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 1994.

___________, L.S.; LURIA, A.R. e LEONTIEV, A.N. (1987) Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone.

WAYSKOP, Gisela. Brincar na Pré-Escola. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2005.


Sandra Regina de Souza Marques - Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia, cursando Pós-Graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade Internacional de Curitiba-FACINTER.

Solange Queiroz Silva de Souza - Psicopedagoga Clínica e Institucional – IBPEX; Pós-Graduada em Neuropsicologia – IBPEX; Pedagoga – UNEB ; Orientadora de TCC do Grupo UNINTER.


Publicado por: Sandra regina de souza marques

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.