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Olhos Cansados

José Saramago, sobre o olhar, como nos vemos, como vemos o mundo, como a criança vê o mundo.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

“Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros, mas para a maioria, é só um dia a mais.” José Saramago

É de admirar-se o jeito como os poetas encaram as coisas do dia-a-dia, desde uma simples formiga que atravessa a folha de papel em branco até a pedra que só vemos ao pegá-la para atirar em alguém. Um poeta é só isso: um certo modo de ver.

Imagine se todos no mundo fossem capazes de enxergar os objetos e seres da vida. Não apenas olhá-los ou avistar-los, mas distingui-los dos outros, descobrir sua essência. Definitivamente a Terra seria um lugar melhor para se viver e, quem sabe, a indiferença pudesse até deixar de existir.

O que ocorre, é que de tanto ver, banalizamos o olhar. Vemos, sem enxergar. Tudo que nos cerca, o que é familiar já não desperta curiosidade. A rotina cega, cria uma espécie de barreira que não permite a interação com o ambiente e as pessoas. Você pode sair sempre pela mesma porta, mas se alguém lhe perguntar o que vê no caminho, você não sabe responder.

É preocupante ser necessário que ocorra algum imprevisto para que finalmente enxerguemos algo ou alguém. Seja um acidente, uma briga, qualquer coisa que chame nossa atenção e nos desligue de nosso rito. Para ser notado, infelizmente, algum fato teve de sobrevir-lhe.

A criança consegue ver o que o adulto não vê. Sua curiosidade permite que seus olhos estejam sempre atentos e limpos para as descobertas do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. E isso nos falta. Nossos olhos estão gastos pelo cotidiano, opacos. Precisamos despertar, ser mais como crianças, nos livrar das coisas fúteis e entregar-se por completo aos espetáculos da vida.


Publicado por: Jennifer Duarte

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