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O autor, essa ficção e Borges e eu

Confira sobre as obras Borges e eu, de Jorge Luis Borges e O Autor, essa ficção, de Pulo Leminski.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

Nos textos Borges e eu, de Jorge Luis Borges e O Autor, essa ficção, de Pulo Leminski retratam de forma bastante coesa a questão da autoria de textos assinamos pelos autores que os transcrevem.

Em Borges e eu o autor separa o seu ser autor do ser enquanto pessoa comum. Borges autor é aquele renomado cujas pessoas reconhecem, conceituam e discutem sobre suas obras, é aquele que aparece, de fato, como o autor de seus textos, contudo, Borges (o não autor) fala  que para o Borges (autor) existir é preciso que o “não autor” viva e se permita experimentar de conhecimentos, a fim de que o “autor” possa compor a sua literatura. Nesse sentido, por mais que o autor separe as duas pessoas é perceptível que ambos são subordinados um ao outro.

Partindo de Borges e situando-nos em Leminski, ainda pelo título do texto já podemos deduzir do que se trata. Nesse escritos Paulo Leminski trata do autor como ficção. Faz um passeio pelos tempos colocando o leitor a par de como era a autoria nos primórdio chegando aos tempos cotidianos. Enquanto que Borges deixa a entender que o autor possui duas vidas: a do autor enquanto sujeito renomado e do autor sujeitos comum, Leminski discorre acerca de o texto não pertencer a aquele que o assina.

Leminski desconstrói a ideia de que o autor é mais importante que a obra e que tal produção seja analisada pelo fato do renome daquele que assina. De maneira feliz, o autor busca refletir acerca de questões da vaidade desse reconhecimento enquanto autor, sugerindo que, assim como, no século XIX se pense mais no respaldo da obra que no ego particular do autor. Ainda diante de tal discussão Leminski não desmerece a assinatura do autor, obviamente que o trabalho precise ser conhecido, mas de forma que o renome não sobressaia à obra, pois essa é a quem, de fato, merece ser evidenciada.

 Para sustentar as ideias da valorização do texto sem a influência do autor Foucault nos diz o seguinte

"Houve um tempo em que textos que hoje chamaríamos “literários” (narrativas, contos, epopeias, tragédias, comédias) eram recebidos, postos em circulação e valorizados sem que se pusesse a questão da autoria, o seu anonimato não levantava dificuldades (2002, p. 48)".

Assim, fica evidente que a obra não depende tão somente do (re) nome, mas da maneira com que retrata determinado assunto.

Hoje, de maneira banal, para que a obra tenha respaldo, é necessários saber, na maioria das vezes, quem a produziu: se um autor reconhecido ganha dimensões inquestionável, se não conhecido, não é aceita.

Tendo em vista as questões abordadas tento em Borges quanto em Leminski é coerente dizer que a obra precisa, não ser desvinculada do autor, mas ser julgada e receber uma grandeza ainda maior em relação ao seu caráter social e literário, bem como as margens de interpretação e o poder que possui em despertar nos sujeitos o desejo da crítica, não por quem foi produzida. Que se dê ênfase ao ator, haja vista que merece o reconhecimento pela arte que produz, mas que deixem de lado fatores que enaltece somente ao seu criador e leve em consideração seus efeitos em presença dos sujeitos.

Josimar Santana Silva
Licenciado em Letras com Habilitação em Língua Portuguesa e Literatura
Pós-graduando do Curso de Especialização em Literatura Baiana - UNEB - Universidade do Estado da Bahia.


Publicado por: Maar Silva

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