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Catadores de "lixo": o nome não importa, o peso é o mesmo.

Desde os séculos passados, mesmo em poemas, se fazem referências a catadores de lixo, essa denominação vaira de região para região.

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O "Vinho dos Trapeiros", poema do francês Charles Baudelaire que em 1857, já citava a atividade do catador. No Brasil, no início do século XX, esse trabalho era realizado inicialmente por imigrantes portugueses, popularizando os chamados garrafeiros. Com o passar do tempo, surgem novas denominações à esta ocupação: burro-sem-rabo, sucateiro, carroceiro, carrilheiro e catador, variando de acordo com a região.

Atualmente são aproximadamente 800 mil catadores em todo Brasil, nas ruas e lixões do país, prestando um relevante trabalho para o meio ambiente e para a sociedade, embora pouco reconhecidos e muito discriminados, grande no quantitativo, porém dispersos em razão da cultura do trabalho individual que impera entre eles.

Em 1999, é criado o Movimento Nacional dos Catadores, cujo 1º Congresso foi realizado no ano de 2001 em Brasília. Paulatinamente, a categoria toma consciência do seu tamanho e importância do seu trabalho, apresentam-se para as frentes de luta cada vez mais organizados, reivindicando espaços político, social e reconhecimento dos governos e da sociedade.

Meados da primeira década deste século, nos espaços de discussões criados na sociedade para esta temática, começam a ser introduzido uma nova denominações à categoria, passando a serem chamados de "agentes ambientais" ou "agentes de coleta seletiva". Ao longo do tempo modificam-se as formas de chamar estes trabalhadores, mas os estigmas, preconcitos e discriminações continuam as mesmas do século passado.

Data de 1962, no Recife, um estudo sobre o "Aproveitamento do Lixo da Cidade do Recife," título do referido estudo, no qual, o texto se refere aos catadores como: "[...] desocupados que acorrem ao local à procura daquilo que possam vender [...]." Isso demostra com nítides o tratamento e a falta de responsabilidade com que o poder público tratava deste assunto. A inexistência de políticas públicas de outrora nos deixou uma herança de degradação desta categoria, mas que não isenta as responsabilidades dos governos atuais e futuros, é urgente a consolidadação de políticas que reconheça estes trabalhadores, que fomente a organização e otimize a atividade, garantindo-lhes o espaço devido nos campos da economia, política, social e sobretudo da cidadania.

Extima-se que existem cerca de 1500 catadores na nas ruas da cidade do Recife, segundao dados da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana-EMLURB. Quase cinco décadas depois o cenário não mudou muito, diariamente dezenas de catadores saem as ruas da cidade vasculhando o lixo para sustentar a família em condições sub-humanas de trabalho.

Angelo Felipe do Nascimento Bezerra - Historiador.

Fontes consultadas:

Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana. Relatório anual. Prefeitura do Recife. 2007.

LIMA, Oswaldo Gonçalves de. O Reaprofeitamento do Lixo da Cidade do Recife. Prefeitura Municipal do Recife. Instituto de Antibióticos - UR. Recife. 1962.

ROMANI, Andréa Pitanguy de. O poder público municipal e as organizações de catadores. IBAM/DUMA/CAIXA. Rio de Janeiro. 2004.

www.cempre.org.br

www.mncr.org.br

Recife, agosto de 2009.


Publicado por: ANGELO FELIPE DO NASCIMENTO BEZERRA

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