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Bandeiras no Sul do Mato Grosso

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Para começar a falar das expedições bandeirantes no sul do Mato Grosso, é preciso conhecer um pouco das expedições que aqui entraram.

O Bandeirante era um paulista. Podemos obter relatos de que São Paulo várias vezes foi “despovoada”, isto por causa das expedições que, saindo simultaneamente pelo sertão brasileiro deixavam a Vila de São Paulo quase em completo abandono; o contingente paulista era convocado e cada bandeira escolhia uma parte do sertão para ser palmeada.

Havia uma tensão constante entre os portugueses paulistas e os espanhóis, isto por conta do caráter expansionista paulistano. Os Bandeirantes palmeavam o território e automaticamente o expandiam sempre se embreando cada vez mais mata adentro, e com isto conhecendo o território.

Quando houve o período da unificação da Coroa Espanhola e Portuguesa (1580 a 1640) os espanhóis tentaram barrar as expedições, no entanto, os Bandeirantes sempre “burlavam” a lei e continuavam suas atividades. Temos até relatos sobre espanhóis que chegaram a pedir ao seu Rei que “assolasse aquela vila de maloqueiros”, mostrando sua indignação contra os portugueses paulistas.

O principal objetivo das Bandeiras era a captura indígena, já que o negro viria substituí-lo, no trabalho escravo, somente no final do século XVI e começo do XVII.

Com o decorrer do tempo as Bandeiras foram se aperfeiçoando na preação do indígena com a introdução de novo objetos como: indumentária apropriada, para proteção em caso de enfrentamento, gargantilhas e algemas para o aprisionamento, armamento mais especializado, espias, pombeiros, entre outros. Há relatos escabrosos sobre esta evolução logística nas bandeiras, relatando que até as prisões paulistas ficaram sem algemas, devido à quantidade de bandeiras. Alem do mais, estes grilhões eram, em sua maioria derretidos, transformando-se em novos e melhorados equipamentos de aprisionamento indígena.

Em sua maioria as Bandeiras eram compostas por índios previamente “domesticados”: os Carijós e os Tupis, paulistas são um exemplo disso, estes engrossavam as expedições, sendo bem maior numericamente em relação aos paulistas, prestando auxilio no carregamento de bagagens, assim como no combate. Observamos também a figura do mameluco, resultado da poligamia existente entre os espanhóis e as índias, estas crianças futuramente viriam a se especializar na preação de indígenas.

A posição dos Jesuítas foi sempre contrária a esta empresa, e por isso varias missões foram montadas a fim de tentar proteger os indígenas; mesmo assim os Bandeirantes iam à busca desses índios “domesticados”, principalmente nas missões onde eram mais bem domesticados, não respeitando a ordem clérica. As reações dos padres se deram tanto por reclamações junto à Coroa, quanto por resposta armada, como se pode observar no caso da Guerra Guaranítica. Lembrando que a Missão Jesuítica na América era a de catequizar a qualquer preço.

Mas as Bandeiras não se davam somente por viagens em terra, como também pedia ser pelos rios, onde canoas e jangadas eram construídas precariamente, visando superar os obstáculos hidrográficos.

A fim de capturar os índios fugitivos do Guairá, também conhecidos por “gualachos”, as Bandeiras entraram na região do atual estado do Mato Grosso do Sul. Francisco Mainard foi um dos precursores; ele passou pelo rio Jaraguarí (Rio Brilhante) ou Avinhema e Amambaí.

Então para começar-mos a falar nas bandeiras sul Matogrosso, começaremos pelo Itatim, era uma das missões que ficavam nesta região, mas precisamente entre as Serras de Maracajú e Sul do Pantanal até o rio Mbotetey (atual rio Miranda). O Itatim ainda contava com alguams reduções jesuíticas, sendo as mais importantes Angeles de Taquaty, Santa Maria da Fé , San José de Ycaray, San Benito de Ytay, Navidad de N. Sênora de Tara qui, Andirapuca, Tepoti e San Inácio. Eles não tinham uma posição geográfica bem definida ou constante, talvez pela presença constante do Guaicurus, ou devido o cerco dos Espanhóis, o certo eram as constantes migrações de uma parte a outra do rio Paraguai.

Santiago de Xerez era outra missão, fundada em 1579-80 (muda de lugar em 1593) localizava-se à margem esquerda do Mbotetey, e a algumas léguas antes da embocadura do rio Caí (hoje chamado de Aquidauana). Em Xerez houve um Bandeirante João Leme do Prado no ano de 1775, que estava à procura de terras para o plantio de viveres para o abastecimento do Forte Coimbra. Xerez se dava em forma de uma grande vila, e estava rodeada de terras baixas com regimes de cheia e seca.

Em 1632 um ataque bandeirante entra pelo rio Mbotetey e alcança o baixio pantaneiro através do rio Paraguai; este ataque ainda contaria com a ajuda de alguns espanhóis que ali viviam, e juntamente com os Bandeirantes destruiriam Xerez.

Três Bandeiras saíram para o oeste em 1718, as de Pascoal Moreira Cabral, dos irmãos João e Antônio Maciel e a de Fernão Dias Falcão, estes palmilhariam o terreno conhecido por Manuel de Campos Bicudo, quando no ano de 1673 ali esteve com seu filho Antônio pires de Campos, outro grande bandeirante. Pascoal Moreira no ano de 1682 e 1696 já estava no Mbotetey onde havia passado levas de índios do Itatim preados por Antônio Raposo Tavares.

Mas os bandeirantes não tinham como único objetivo capturar índios, com o advento da mão-de-obra do negro escravo, a captura dos índios passou a ser insignificante, quase nula, então a nova tônica passa ser o ouro, que terá sua consolidação a partir das monções. Logo que era encontrado ouro, montava-se acampamento e avisar as autoridades, as reservas se davam de duas formas as faisqueiras que, possuíam um curto tempo de duração, e as de aluvião, que perduravam por mais tempo, esta era a que realmente dinamizava a região.

Quando foi encontrado ouro em Cuiabá, um dos dinamiza dores que observamos é a criação da Fazenda de Camapuã pelos Irmãos Leme.

Esta fazenda visava à produção de víveres e lavouras a fim de suprir as minas, onde era proibido o cultivo da terra pelos mineiros, evitando assim o desperdício de tempo; já que estes trabalhadores deviam estar integralmente ocupados com a extração aurífera, daí a necessidade de criar um pólo de abastecimento.

A Fazenda Camapuã foi fundada em 1719 pelos irmãos Antão e Domingos Leme, já com a finalidade de abastecer as minas de Cuibá e també os viajantes que por ali passavam. Já em 1727 ela estava nas mãos de Luís Rodrigues Vilares que obtivera do Governador D. Rodrigues quando por ali passou. Em 1785 Camapuã possuía uma população de 300 pessoas, rebanho bovino considerável, criação de porcos, cabritos e galinhas, além de plantações de milho, feijão e cana-de-açúcar. O declínio e abandono da Fazenda Camapuã se deu com o fim do ouro em Cuiabá, agravado ainda pelo fato de que as viagens em busca de índios já não eram mais necessárias. As viagens se concentraram mais nas regiões fronteiriças, onde o governo português incentivava a expansão territorial, a fim de resolver problemas de litigios entre portugueses e espanhóis, a cerca dos limites.

As Bandeiras acabaram dando continuidade às monções. Devido mapeamento hidrográfico a abundancia de canais fluviais que eram mais vantajosos que as viagens por terra firme.

Conclusão

As Bandeiras foram fundamentais na expansão territorial brasileira já que através das expedições bandeirantes o território nacional ficou conhecido. Estes elementos chamados de “maloqueiros”, por mais atrozes, violentos, bestiais, arrogantes e avarentos que foram, uma glória lhes é devida, a de expandir o território brasileiro. Observamos que a criação do Forte Coimbra, Presídio de Miranda, são exemplos de demarcações territoriais conseqüentes da empresa bandeirante pelos sertões do Brasil.

As lutas constantes contra os povos indígenas por sua busca resultou, em uma expansão e conhecimento sobre o território, tanto por parte dos espanhóis quanto por parte dos portugueses. Tanto é que o governo português, conhecendo a extensão das terras, de antemão mapeadas pelos bandeirantes, principalmente ao sul, incentiva o imediato povoamento delas a fim de comprovar a posse legal destas. Daí a criação de tais instituições citadas a cima e até a mudança de nome do rio “Mbotetei” para Miranda , dando-lhe assim uma identidade portuguesa.


Publicado por: Thiago Bonfim Neves

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