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Resenha: Utilização Didática da História da Ciência

Resenha do livro Utilização didática da história da ciência.

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Esta resenha refere-se ao capítulo 07 (sete), Sobre a utilização didática da História da Ciência, capítulo este de autoria de Luiz O. Q. Paduzzi, com base em sua tese de doutorado em Florianópolis (SC), em 1998. Tal capítulo é constante do livro de texto intitulado Ensino de Física: conteúdo, metodologia e epistemologia numa concepção integradora, cuja organização foi feita pelo professor e pesquisador, em Ensino de Ciências, Maurício Pietrocola, pela Editora da UFSC (Universidade Federal de Santa Cataria).

O referido capítulo, objeto de estudo neste trabalho, desenvolvido com base em sua tese de doutorado Força e movimento: de Thales a Galileu. In: As concepções espontâneas, a resolução de problemas e a História e a Filosofia da Ciência em um curso de Mecânica, por Peduzzi (1998), pesquisador em Ensino de Ciências, o qual dentre outras publicações menciono Imagens complementares a um texto de Mecânica: a perspectiva de seu potencial para o aprendizado do aluno; discorre sobre a possibilidade de se inserir ou não a História da Ciência no ensino de física. De início cita a obra de Kuhn (1974), a qual analisa como o conhecimento científico se transmite de uma geração à outra, atentando para o que considera dominante na educação científica que é o fato de a educação estar baseada em manuais educacionais[1]. Em seu texto, apresenta posições, nem sempre concordantes, de autores pesquisadores como Bizzo (1992), Kuhn (1974), Lakatos (1989), Langevin (1992), Matheus (1995), Silveira (1993) dentre outros, quanto à utilização ou não daquela.

O autor se posiciona favorável, diante da aplicação e utilização de conteúdo histórico, no curso de Física Geral I, por ele ministrado com base no manifesto parecer de seus alunos numa avaliação específica, por meio de análise crítica do aluno, sobre a utilização da História da Ciência no curso de Física Geral I.

O texto é direcionado a profissionais que atuam na área de Ensino de Ciência, não só ao de física e tem como proposta sugerir uma mesclagem, quando da apresentação do curso seja ele de física, química ou biologia, ao desenvolvimento e ênfase do paradigma vigente, por meio da apresentação de Leis, resolução de problemas além de fazer inserções de conteúdo histórico sem que seja apresentado na forma reduzida e mal estruturada.

Antes dos atuais “veículos pedagógicos” as obras eram volumosas e por algum tempo definiam os problemas e os métodos de investigação para as imediatamente próximas gerações.

Atualmente, os manuais de educação científica aludem, por razões funcionais, fatos e acontecimentos, além de personagens que contribuíram para a estruturação e consolidação de novos paradigmas, com vistas à familiarização do educando com a estrutura conceitual dos mesmos. Comenta que aí reside o fato de os manuais fazerem breves e esparsas menções históricas aos temas abordados, justificando, segundo Kuhn (1987), a eficácia das estratégias pedagógicas, as quais não fazem uso da História da Ciência e, às vezes, distorcem-na, sem delongas por razões de celeridade processual dos objetivos educacionais científicos que é o de enfatizar, ao estudante, o paradigma vigente.

Contudo, Bizzo (1992) assevera que é justamente a carente presença da História da Ciência, nos manuais escolares, e sua utilização distorcida quanto à promoção de uma reconstrução de idéias as quais parecem ir em direção a teorias atualmente aceitas, que sugerem uma apresentação de teorias novas como um processo de gestação, fato que passa despercebido, para o educando, como os enormes saltos no conhecimento científico, os que Kuhn denominou de revoluções científicas.

O autor comenta ainda outra vertente, bastante controversa, a qual sustenta a complexa caminhada do cientista rumo ao novo. Assim:

“a discussão histórico-didática de concepções científicas já não mais aceitas pela ciência contemporânea seria, no mínimo, incompleta e, por essa razão, suscetível, inerentemente, a fortes objeções”.

E ainda cita que:

“para o historiador da ciência M. J. Klein, por exemplo, as perspectivas do historiador e do físico são tão distintas - o primeiro interessado na riqueza e detalhe dos fatos e o último na "objetividade" do fenômeno”.

Tal fato é usado por Matheus (1995) para argumentar que com tanta omissão e desfigurações, da História da Ciência, nos materiais didáticos desta área, a mesma deve ser evitada.

Lakatos (1989) afirma que a História da Ciência é adornada com a Filosofia da Ciência e a primeira é cega sem a segunda.

Considerando os programas de ensino, em seus aspectos utilitários e voltados à apresentação e aplicação de conceitos, leis e teorias, que enfatiza o produto do conhecimento, acaba sugerindo ao estudante a impressão de que “a ciência é uma coisa morta e definitiva". Essa idéia de produto acabado atribuída à educação científica implica em desmotivação do estudante, para Langevin (1992), já que se trata de um ensino “frio, estático, dogmático”.

Trata-se de um texto importante dada sua relevância na medida em que sugere ao leitor-professor ou pesquisador em Ensino de Ciências uma reflexão acerca das práticas pedagógicas, bem como a escolha dos veículos pedagógicos (livros de texto, sala de aula).

Traz uma contribuição relevante ao Ensino de Ciências, sobretudo ao professor de física o qual passa a dispor de novos elementos motivacionais em sua forma de trabalhar e, por isso considero valiosa sua leitura não só pelos professores de física, mas pelos professores de ciências (química, física e biologia).

As posições do autor são coerentes e sólidas ao tempo em que não se mostra repetitivo com seu toque de originalidade.

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[1] A sala de aula e os manuais, quais sejam: livros de texto como os principais canais de divulgação do conhecimento científico, além dos programas educativos, feiras, clubes de ciência dentre outros.

RESENHA
- Título: Utilização Didática da História da Ciência
- Identificação: O uso da História da Ciência no ensino: considerações críticas
- Referência: PIETROCOLA, M. Ensino de Física: conteúdo, metodologia e epistemologia numa concepção integradora. Florianópolis (SC): Editora da UFSC, 1999.


Publicado por: Marcos Fernandes Sobrinho

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.