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Professores ou super-heróis?

A missão de um professor é, sem sombra de dúvida, divina, sublime, essencial para a transformação do mundo.

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

(Desabafo)

A missão de um professor é, sem sombra de dúvida, divina, sublime, essencial para a transformação do mundo, mas temos que admitir que os caminhos pelos quais os educadores têm de trilhar são árduos. Se, como já disse o poeta, “ser mãe é padecer no paraíso”, então, ser professor é padecer e quase perecer num caos social.

O professor rema constantemente contra a maré. Parece que nada conspira a seu favor. Salas de aula transbordando de alunos, excesso de trabalho e de burocracia,  sérios problemas trazidos pelos alunos decorrentes de famílias desestruturadas, e, ainda o descaso pela educação, pois,  por mais que os governos já tenham feito e pretendam fazer,  sabemos que a educação traz  em seu bojo consequências graves, quase trágicas, de uma história  de desrespeito e de  infindável descaso vivenciadas ao longo dos tempos.

Os professores estão desestimulados, literalmente cansados - é enorme a carga horária que eles se submetem para sustentar uma vida com um mínimo de dignidade. Pobres Mestres estão desanimados porque a desatenção da sociedade com relação à educação e a eles é visível e evidente.

E tudo cai sobre seus ombros: paralelo ao papel de professor, isto é, de mediador do conhecimento, ele mescla e quase assume o de pai, mãe, psicólogo, assistente social, enfermeiro, conselheiro... E mais: Precisa estar atualizado, mas não tem condições - falta suporte financeiro, ou energia, ou tempo, ou os três - para bancar sua qualificação. Deve primar pela qualidade de vida, cuidar de si (da saúde e da aparência), dar e receber o aconchego familiar, mas não sabe de que forma, porque tem de trabalhar dois ou até três turnos diários, e, além disso, tem de planejar aulas, corrigir trabalhos, preencher planilhas e cadernos... Mais planilhas e mais cadernos... Mais planilhas e mais cadernos...

Mas, apesar de tudo isso, ou melhor dizendo, acima de qualquer coisa, ele próprio sabe – a cobrança vem, em primeiro lugar, dele mesmo e depois da escola, dos alunos e da comunidade – que é necessário estar muito bem consigo mesmo, em todos os sentidos, todos os dias, porque precisa, de qualquer jeito, envolver  para ensinar - durante oito, nove, dez horas-aula - seus mais de duzentos alunos. E haja criatividade, alegria, disposição, paciência, saúde e muita, muita energia. Ufa!

Afinal, Professor ou Super-herói?

É indiscutível, inegável, fundamental que o professor deve, sim, estar atualizado(íssimo); ser afetivo; amar o que faz; ter um olhar diferenciado para com os alunos; ser criativo; cuidar da saúde; da autoestima; ter qualidade de vida; ensinar com paixão, alegria, dinamismo. Mas, para que tudo isso seja viável, ele também – e com urgência - precisa ser “visto com outros olhos”.Com os olhos de quem conhece o valor que tem um educador. De quem sabe que esse educador é, antes de tudo, um ser humano, com todas as necessidades que daí advém.

É inegável, também, que a escola e, principalmente, o professor são importantíssimos para a construção de uma sociedade diferente dessa que está aí, afinal, eles contribuem para a formação de cidadãos. Mas sozinhos, mesmo se entregando de corpo e alma a essa grande e nobre missão, os professores e a escola estão fadados ao malogro, pois sabemos que para se construir um novo mundo é preciso qualidade e êxito na educação. E isso somente será possível com o envolvimento e a responsabilidade de todos os segmentos sociais. Todos têm de estar engajados, cumprindo, de verdade, cada um o seu papel, caso contrário, a escola fracassará e o pobre professor sucumbirá na tentativa de carregar tudo nas costas.

Jussára C Godinho

*Licenciada em Letras Português e Espanhol
Especialista em Leitura e Produção Textual
Funcionária pública
Professora


Publicado por: Jussára C Godinho

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