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O teatro e a música como auxílio no ato de leitura

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O TEATRO E A MÚSICA COMO AUXÍLIO NO ATO DE LEITURA

Priscila Felix de OLIVEIRA (UEM)
Thiago Saveda SEVERINO (UEM)

1. INTRODUÇÃO

Este artigo apresenta discussão a respeito da leitura nas diversas áreas do conhecimento. Para bem organizá-lo, por motivos didáticos, estabelecemos sua construção no sentido que propicie uma compreensão crescente sobre o tema abordado.
Abordaremos de inicio as concepções de leitura, sua construção, seus sucessos e insucessos no processo ensino-aprendizagem da leitura.
Como o nosso foco de pesquisa: trabalharemos a música e o teatro auxiliando este processo. E, assim, concluiremos.

2. LEITURA: UM DESAFIO ATUAL PARA TODOS

Nos últimos anos, a demanda pela leitura e pelo domínio da linguagem escrita em nossa sociedade é cada vez mais necessária. Basta abrirmos as páginas dos jornais em qualquer item dos classificados e nos deparemos com as exigências colocadas para os profissionais à procura de emprego. Exige-se do candidato que demonstre domínio da língua portuguesa, que seja bom ouvinte, que tenha boa comunicação verbal e escrita, boa redação, facilidade de comunicação e um bom texto.
Isso não ocorre somente no Brasil, mas é uma questão mundial, que hoje exige o domínio da linguagem escrita como condição para a produção e acesso ao conhecimento.

A leitura existe para que se possa ter acesso a informações difundidas de diversas maneiras: na Internet, na televisão, em outdoors espalhados pelas cidades, em cartazes afixados, sistematicamente, nos muros das ruas, nas mais diferentes placas informativas, folders, e, até mesmo, em receitas médicas e bulas de remédios.
Mas, não é somente para o trabalho que esse conhecimento é importante. Deve-se ser usado para ampliar a participação social e exercício permanente da cidadania. Assim sendo, então ser um usuário dotado da competência lingüística para a leitura é, também, condição necessária e fundamental.

Passa por essa compreensão a necessidade que atualmente se coloca para a escola; acreditamos que ela tem que possibilitar ao aluno uma formação que lhe permita compreender criticamente a realidade social e nela agir, sabendo, para tanto, organizar sua ação. Para isso, esse aluno necessita tomar posse do conhecimento e de meios de produzir e de divulgar esse conhecimento.
Por isso, então, a nossa discussão neste trabalho acontece acerca da leitura. Que terá os gêneros literários, teatro e música, como meio eficaz para a construção de sentidos e motivação para aprender.

Leitura é uma habilidade verbal. E São quatro as habilidades da linguagem verbal: a leitura, a escrita, a fala e a escuta. É um processo de aquisição da lectoescrita e, como tal, compreende quatro operações fundamentais: a decodificação, a compreensão, a interpretação e a retenção. E somaremos a esse entendimento a visão de leitura como prática social, trabalhando com os gêneros literários teatro e música.

3. A LEITURA É UMA PRÁTICA SOCIAL

De início, referente à leitura, ter naturalidade e agir com eficiência na atribuição de sentido aos textos implica compreender que ler é uma prática social, a qual ocorre em diversos espaços com características especiais, como o tipo de conteúdo dos textos que fazem parte deste círculo, os fins a que se destina a leitura, os procedimentos mais usuais, originários desses fins, os gêneros dos textos. Por exemplo, em um salão de beleza, geralmente, tem disponíveis vários tipos de revistas, ali colocadas para que os clientes "passem o tempo", enquanto esperam seu horário; É, basicamente, uma leitura de entretenimento. Nesse caso, a leitura costuma ser feita em voz baixa, e é interrompida assim que a presença do cliente seja solicitada pelo cabeleireiro (ROTTAVA, 2004).

Os textos estarão dispostos de acordo com a variedade de cada revista e estarão organizados em gêneros típicos da mídia impressa: artigos, reportagens, notícias, notas, classificados, propagandas, editorial, crônicas, por exemplo. Possuem características bastante diferentes
Em uma missa os textos estão dispostos de forma que a participação no ritual seja orientada.

Ao se participar de uma leitura dramática, sabe-se que uma peça de teatro será lida em voz alta e interpretada por atores. A finalidade colocada para a leitura é interpretar dramaticamente o texto; para os que assistem, é apreciar a leitura que está sendo realizada pelos atores. Nessa situação, os textos serão sempre peças de teatro.
Dessa forma, como existem simultaneamente diferentes práticas sociais em uma única sociedade, em um mesmo momento histórico, diferentes sociedades estabeleceram diversos usos para a escrita e a leitura ao longo da sua história.

Como afirma Marisa Lajolo existem algumas sociedades que a leitura e escrita eram beneficio de sacerdotes ou de governantes. Em sociedades do ocidente, mesmo tendo se estruturado sobre a administração governamental e catequese cristã, a leitura e escrita ganharam bastante cedo usos do cotidiano. Assim, se transformaram em cenários de leitura, lugares comuns além de repartições de governo e púlpitos e altares de igrejas. Nesses espaços coletivos se liam e se ouviam ler textos diferentes dos que se interessavam ao governo e à igreja. Era lida nesses lugares a ficção e cultuado a poesia. Por tanto, a leitura é histórica como prática social.


4. LEITURA COMO PROCESSO INDIVIDAL E DIALÓGICO

Utilizar a leitura de maneira competente constitui, também, entender que ler é uma experiência individual e única, mas é ainda uma experiência interpessoal e dialógica. E isso nos sujeita diretamente à natureza do processo de leitura. A leitura é individual, pois implica um processo pessoal e particular de construção dos sentidos do texto. No entanto, toda leitura é interpessoal, porque os sentidos situam-se entre texto e leitor, e não se encontram no texto ou no leitor, exclusivamente.

A produção de um texto acontece sempre em um determinado momento histórico, no qual se encontra a vivência de um horizonte de expectativas, proveniente de um conjunto de conhecimentos e informações disponível e compartilhado pelos possíveis interlocutores. Assim, ao fazer a produção de um texto, o autor pretende alguns sentidos, esses vindos da forma de compreensão de mundo constituída naquele momento histórico específico e em uma determinada cultura.

Então, logo, uma leitura é decorrente do conjunto de conhecimentos e informações que se dispõe no contexto histórico em que ela se realiza, o qual é constituído de uma determinada forma de ver o mundo.
Portanto, os sentidos, hoje, serão diferentes dos que circulavam no contexto cultural de origem da obra. Assim, a construção de sentidos em uma obra de qualquer época será resultado do que for possível ao leitor de hoje compreender e/ou recuperar sobre os valores estabelecidos quando aconteceu a produção da obra. Essa compreensão se dará de maneira restringida em uma perspectiva cultural atual, que pressupõe outros valores.

Um aspecto importante de salientarmos é o fato de que as palavras são constituídas por um significado estável e recuperável pelos falantes de uma determinada língua em um determinado momento histórico -, e também por um conjunto de sentidos decorrentes das experiências pessoais de cada um, constituídos a partir das referências particulares de cada falante ao logo da vida. Significado e sentidos constituem um amálgama indissolúvel, de tal forma que uma palavra nunca será a mesma para diferentes pessoas, embora possa ser compreendida no que tem de generalizável.

Assim, ainda que lida por sujeitos que vivam em um mesmo momento histórico, uma palavra nunca será a mesma para diferentes sujeitos. Os sentidos de um texto, portanto, ao mesmo tempo em que são resultado de um processo pessoal e intransferível, dialogam, inevitavelmente com o outro: o autor, os outros sujeitos presentes no corpo de idéias que constituía o horizonte cultural do momento de sua produção. A leitura, assim, é pessoal e, ao mesmo tempo, dialógica.

5. LETRAMENTO E LEITURA

Além disso, a leitura deve ser entendida como parte de um processo maior: o letramento. Esse processo se configura como de apropriação dos usos da leitura e da escrita nas diversas práticas sociais.
Por esse ângulo, a competência do leitor ode ser vista a medida que ele faz uso da linguagem escrita - e, portanto, a leitura – de forma efetiva, em diferentes circunstâncias de comunicação; “é aquele que se apropriou das estratégias e dos procedimentos de leitura característicos das diferentes práticas sociais das quais participa, de tal forma que os utiliza no processo de (re)construção dos sentidos dos textos.”

Tais procedimentos e estratégias de leitura são individuais e conhecidos como processos cognitivos altamente complexos, quanto sociais, vindos das particularidades das práticas sociais nas quais se realizam.
Além disso, também, “os elementos do contexto de produção dos textos devem ser considerados no processamento dos sentidos, dado que colocam restrições - e ao mesmo tempo possibilidades - que determinam os textos.”

6. O TEATRO E A MÚSICA NA CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NA LEITURA

A leitura tem sido alvo de grandes discussões, visto que se observam algumas dificuldades de aprendizagem e altos índices de reprovação e evasão escolar. A função principal da escola é propiciar caminhos para que os alunos aprendam, de forma consciente e consistente, ou seja, mecanismo de apropriação de conhecimento, assim como também de possibilitar que os alunos atuem, criticamente em seu espaço social.
Mas, o aprendizado fora dos limites da instituição escolar é muito mais motivador, pois a linguagem da escola nem sempre é a do aluno. Desta maneira percebemos que a escola exclui, reduz, limita e expulsa a sua clientela, seja pelo aspecto físico, pelas condições de trabalho ou pelos índices de evasão e repetência ou pela inadaptabilidade dos alunos, pois a norma culta padrão é a única variante aceita.

A análise dessas questões está ligada a concepção que se tem sobre o que é a linguagem e o que é ensinar e aprender. E essas concepções passam, obrigatoriamente, pelos objetivos que se atribuem a escola e a escolarização.
Assim como a escrita, a leitura ultrapassa a mera decodificação porque é um processo de (re) atribuição de sentidos.

Atualmente, a construção de sentidos, seja pela fala, pela escrita ou pela leitura está diretamente relacionada as atividades discursivas e as práticas sociais, as quais os sujeitos têm acesso ao longo de seu processo histórico de socialização. O trabalho com a leitura adquire caráter sócio-histórico do dialogo e a linguagem preenche a representação social.
Assim, o teatro, a música, a plástica vão adquirindo cada vez mais espaço na escola. A convivência, cada vez mais intensa, baseada em relações de igualdade e não de poder, vai permitindo todas as formas de expressão.

Como nosso objetivo é o leitor competente, neste momento destacamos a música no auxílio no ato de leitura, como sendo meio interativo que consegue alcançar o objetivo visado pela nossa maneira de entender a sociedade e a correspondente educação.

6.1 POR QUE A MÚSICA?

A leitura é um processo não só complexo como também muito amplo, no qual, o estudo da música ocupa um lugar de grande importância, como fator cultural, fonte de prazer estético e como capacidade dos seus elementos estéticos: som, ritmo, melodia e a harmonia.
Como as demais artes, a música, além de sua finalidade de arte pura, também é promotora de fraternidade e compreensão entre os homens, estimuladora de valores éticos e sociais. Mas se destaca como sendo o setor da educação que estimula de maneira especial o impulso vital e as mais importantes atividades psíquicas humanas: a inteligência, a vontade, a imaginação criadora e, principalmente, a sensibilidade e o amor.
Nisto está sua peculiaridade, pois reúne, harmoniosamente, o conhecimento, a sensibilidade e ação.

Na Escola, a música é um dos meios mais eficazes de se atingir as crianças e os jovens, influenciando-lhes uma atmosfera de alegria, ordem, disciplina e entusiasmo em todas as atividades escolares. Principalmente, coopera em alta porcentagem na estrutura da personalidade do futuro adulto, pois, como arte que é, desenvolve-se no terreno da emotividade.
Incentivando os alunos no cultivo da música concorre-se para a formação de uma nova geração, capaz de sentir e compreender essa arte, ajudando-a no despertar e na afirmação de sua personalidade.

Trabalhar a música na escola está no fato de ser uma solicitação natural de nossos alunos. Eles gostam de música – de tocar, cantar, marcam ritmos com as mãos, lápis, borracha e com os pés. Todos se unem pela música e são envolvidos pelo seu poder mágico.
Porém, muitas vezes, nós, professores, levamos a música para a sala de aula talvez com o objetivo de sair da rotina ou para chamar a atenção dos alunos para a matéria aplicada, fazendo da música um texto-pretexto.

Quando trabalhamos a música na escola, temos a possibilidade de evocar conhecimentos de diversas disciplinas, matérias ao mesmo tempo. Ao trabalharmos uma música, podemos questionar o autor da música, o contexto histórico. Dependendo da letra da música, podemos também trabalhar as desigualdades sociais, cultura, enfim, várias questões.
Portanto, a música não deve ser utilizada na escola como texto-pretexto, mas, como uma experiência vivenciada, capaz de auxiliar na construção de sentidos.

6.2 POR QUE O TEATRO?

Como o objetivo deste trabalho é fazer do aluno um competente leitor, trouxemos, também, o teatro como mecanismo eficaz de construção de sentidos no ato de leitura. Porque acreditamos que fundamentalmente a busca de um ensino-aprendizagem é adquirida a partir da experiência vivenciada, e não apenas ouvida e refletida, pelos alunos envolvidos.
As experimentações teatrais permitem aos participantes a vivência de novas situações de vida, proporcionam a percepção de novas emoções e acontecimentos sociais referentes aos temas abordados. Assim, permite ao aluno um crescimento no seu nível de compreensão acerca do tema. Auxiliando-o na construção de sentidos e preenchendo as lacunas deixadas por uma leitura anterior. “A peça oferece, enfim, um material humano e empírico imediatamente disponível em seus personagens e situações que favorecem o exercício da dúvida, permitindo a cada participante e espectador tornar-se um cientista social distanciado”, conforme Teixeira (1986).

O uso do teatro na construção dos sentidos no ato de leitura possibilita a utilização de dois objetos de construção de sentidos: a peça (o texto em si) e a encenação dramática.
Entender a peça (o texto em si) exige muita leitura e discussão sobre os contextos históricos em que as peças foram escritas e os artifícios empregados pelos autores para tratar de problemas trazidos nos enredos, dessa forma, elementos sociais e conhecimentos de outras áreas são evocados para sustentar uma compreensão maior e uma leitura mais ampla.

A encenação proporciona sensibilização estética dos participantes envolvidos, proporcionando-lhes o desenvolvimento da sua consciência crítica, pois, ao se deparar com a realidade abordada em drama, o leitor/telespectador aciona dentro de si sua emotividade o que lhe auxilia na construção de sentidos do objeto de leitura, no caso o drama encenado.
O processo de retirar do texto original e conceber a sua montagem significa um exercício prático de como transitar dos estágios da interpretação para a compreensão dos temas abordados, segundo Teixeira (1986).

Nisbet afirma que uma comédia ou tragédia pode ser vista como uma investigação da realidade, e, se dedicam a uma compreensão que entra no reino dos sentimentos, motivações e do espírito, no sentido weberiano. Assim, elas provocam as percepções e experiências que se encontra dentro do leitor/telespectador. Nisbet acredita que “não podemos deixar de lado o fato de que elas criam formas diferenciadas de representar essa realidade, criam espécies de representação ordenada”, da mesma forma a leitura deve ser para o leitor, por isso o teatro como meio eficaz na construção de sentidos.

CONCLUSÃO

Enfim, a prática de leitura no mundo atual é uma exigência para todas as áreas. No entanto, encontramos leitores que não conseguem ler além da superfície do objeto de leitura. Há a necessidade de formar leitores competentes, para que o processo de leitura deixe de ser somente o simples ato de decodificar e compreender.
A leitura deve levar o leitor ao exercício da prática social. Deve preparar o leitor para refletir e agir sobre a realidade da sociedade.

Assim, a construção de sentidos se faz necessária para o leitor atual. A formação de leitores competentes depende de meios eficazes.
O teatro e a música se apresentam como mecanismos que levam o leitor a fazer uma leitura vivenciada, emotiva, sensitiva. Logo, esses meios fazem que o leitor ultrapasse os limites da decodificação, compreensão, levando-o a um nível maior de interpretação do objeto de leitura.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ROTTAVA, L. Concepções de leitura e escrita – um Contraponto Entre Professores em Formação de Português, Inglês e Espanhol. In: Lingüística Aplicada (Lucia Rottava e Marília dos Santos Lima). Ijuí, Rio Grande do Sul: 2004.

TEIXEIRA, J.G.L.C. (1986), "O teatro como tema sociológico e trama de vivência e ensino". Humanidades, Ano V, 28.

NISBET, R.A. (1976), Sociology as an art form. Nova York, Oxford University Press.


Publicado por: thiago saveda severino

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