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Currículo, identidade, etnia e raça

Uma nova forma de gerenciar os recursos da humanidade menos predatória e mais solidária.

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INTRODUÇÃO

A formação de indivíduos com uma mentalidade voltada para a construção de uma sociedade mais igualitária e menos pautada no preconceito perpassa pelos espaços educativos. Ali, elas podem enxergar possibilidades de superação de dilemas sociais e uma nova forma de gerenciar os recursos da humanidade, menos predatória e mais solidária.

Com essa compreensão das necessidades iminentes o currículo escolar deve buscar as suas fontes de inspiração no saber e nas necessidades do contexto social.

A escola introduz possibilidades de leitura de dimensões que constituem o todo, interligando-as interdisciplinarmente, para uma visão da complexidade da realidade. A visão fragmentada do conhecimento pode ser extinta levando em conta um currículo que integre as disciplinas levando a uma idéia do global.

Conceituações e suas aplicações, temas como ética, cidadania, trabalho, consumo e desigualdades sociais são realidades, entre outras, que a escola deve trabalhar, de forma integrada e interdisciplinar, como ponto de partida para a compreensão da complexidade dos fenômenos sociais em suas contradições.

Este trabalho procura esclarecer, em linhas gerais, o que é um currículo para a educação, a diferença entre este e matriz curricular, conceitos de raça, etnia e identidade e o papel da educação nesta sociedade que busca sanar preconceitos arraigados no nosso país.

CURRÍCULO

O currículo é o plano que determina os objetivos da educação escolar e propõe uma sequencia de ações adequadas as suas propostas. Apresenta o que é possível ensinar, como e quando instruir e suas formas de avaliar.

O currículo é uma construção social, pois está vinculado a um momento histórico, à determinada sociedade e às relações com o conhecimento - atenderá, em épocas desiguais a interesses, em certo espaço e tempo histórico. Assim, a educação e currículo são vistos intimamente envolvidos com o processo cultural, como construção de identidades locais e nacionais.

Não podemos confundir currículo com matriz curricular: em linhas gerais, currículo é o conjunto de ações pedagógicas e a matriz curricular é a relação de disciplinas e conteúdos do currículo. Há diferentes formas de composição curricular, mas os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) indicam uma perspectiva interdisciplinar e transdisciplinar.

Abaixo, algumas definições de currículo:

“O currículo aparece, assim, como o conjunto de objetivos de aprendizagem selecionados que devem dar lugar à criação de experiências apropriadas que tenham efeitos cumulativos avaliáveis, de modo que se possa manter o sistema numa revisão constante, para que nele se operem as oportunas reacomodações"  (Sacristán, 2000).

"O currículo oculto é constituído por todos aqueles aspectos do ambiente escolar que, sem fazer parte do currículo oficial, explícito, contribuem, de forma implícita para aprendizagens sociais relevantes (...) o que se aprende no currículo oculto são fundamentalmente atitudes, comportamentos, valores e orientações..." (Silva, 2001)


IDENTIDADE, ETNIA E RAÇA

Identidade é um conceito que não comporta uma definição única, sua construção também diz respeito a interpretação da realidade, uma vez que é um processo de representação simbólica, uma tentativa de compreensão de posições no mundo. Em linhas gerais, o conceito de identidade pode ser definido como um conjunto de aspectos individuais que caracterizam uma pessoa e também em um aspecto plural, constituída a partir das relações sociais permanentemente mutáveis. A identidade cultural é um organismo de relações sociais e patrimônios simbólicos compartilhados que estabelece a comunhão de determinados valores, tradições, hábitos e outros aspectos entre os membros de uma sociedade.

O conceito de raça é alvo de grande discussão fora e dentro das comunidades científica devido à sua aplicação continuada para categorizar grupos populacionais na espécie humana. No século XIX e início do XX, foi largamente usado para justificar dominações de um ser pelo outro, como no caso da dominação européia nos continentes asiáticos e africanos (neocolonização). O próprio conceito de raça não é consensual, podendo até dizer-se que existem vários conceitos de raça; para a medicina o uso deste conceito de raça ainda é utilizado até que se adeque uma nova categorização para a variação genética, em outras áreas científicas a aplicação de raça para categorizar grupos terá pouca validade uma vez que o conceito está por definir.

Etnia vem do grego ethnos que significa povo. Ela pode ser definida como um grupo de pessoas que se identifica por aspectos culturais, históricos, linguísticos, raciais, artísticos ou religiosos. Não é um conceito fixo, podendo mudar, por exemplo, através do contato de um povo com outros.

O PAPEL DA EDUCAÇÃO

Para iniciar uma reflexão sobre as possibilidades de ação pedagógica para tratar da diversidade cultural na educação escolar é necessário pensar como trabalhar os conceitos de gênero, raça, e etnia na sala de aula  com a intenção de valorizar as diversas identidades constituintes da sociedade.

Para tanto, é preciso assumir o múltiplo, o plural, o diferente na sociedade como um todo. Uma ação pedagógica realmente pautada na diversidade cultural deve ter como principio uma política curricular da identidade e da diferença. Os conceitos de gênero, raça e etnia ao serem trabalhados na sala de aula em uma perspectiva da valorização dos múltiplos sujeitos que convivem devem desconstruir os estereotipos que foram atribuídos historicamente a alguns grupos sociais.

O currículo deve ser estudado com cautela para atender as necessidades da sociedade em que irá se inserir, trazendo participação efetiva de diferentes setores, trabalhando inclusão de temas transversais e significativos. Ele transmite visões de mundo e reproduz valores que são responsáveis pela formação de identidades individuais e sociais. A escolha dos conteúdos curriculares seja conceituais, temáticos ou de valores morais passam por essas relações. Os educadores precisam promover discussões acerca destas relações e suas manifestações na sociedade e em especial na escola para que se possa ampliar a compreensão do problema para que haja condições de refletir como construir um currículo escolar que privilegie um deslocamento do olhar sobre, por exemplo, minorias ou grupos sociais discriminados na nossa história e cultura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O currículo origina os objetivos da educação escolar e traz um conjunto de ações adequadas as suas propostas, abrangendo um leque de possibilidades de temas para trabalhar no processo ensino aprendizagem. O currículo vem a ser a forma de organização do conhecimento escolar.

A escolha do currículo não é um elemento neutro, mas está vinculado às relações de poder, transmite visões intencionais, influenciando a construção de identidades individuais e sociais específicas. O currículo não é atemporal, ele tem uma história vinculada a formas específicas e contingentes de organização da sociedade e da educação.

Os educadores podem fazer reflexões com seus educandos a respeito de conceitos acerca identidades, raças e etnias, como foram se construindo e suas consequencias e pensar atitudes concretas capazes de contribuir para a compreensão do outro e a valorização das pluralidades, além do que a escola é o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e suas contribuições na formação do nosso país. Trabalhar as diferenças é um desafio para o professor, por ele ser o mediador do conhecimento, ou melhor, um facilitador do processo ensino aprendizagem.

A proposta de uma educação focada para a diversidade mostra o grande desafio de estar atento às diferenças econômicas, sociais e raciais e saber interpretá-las. O multiculturalismo pode ser um dos caminhos para combater os preconceitos ligados trazendo um novo olhar para uma sociedade composta por esta diversidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALONSO, Luisa G. et alli. A Construção do Currículo na Escola: Uma Proposta de Desenvolvimento Curricular. Porto, Porto Editora,1994.

SACRISTÁN, J. Gimeno e Gómez, A. I. Perez. O currículo: os conteúdos do ensino ou uma análise prática? Compreeender e Transformar o Ensino. Porto Alegre, Armed, 2000.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Quem escondeu o currículo oculto. In  Documento de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte, Autêntica, 1999.

Juliana Keller Nogueira et alli. Conceitos de gênero, etnia e raça: reflexões sobre a diversidade cultural na educação escolar. Disponível em: http://www.fazendogenero8.ufsc.br/sts/ST1/Nogueira-Felipe-Teruya_01.pdf. Acesso em 05/10/2010.

www1.folha.uol.com.br Acesso em 06/10/2010.

brasilescola.uol.com.br Acesso em 06/10/2010.


Publicado por: Denize Carolina Auricchio Alvarenga da Silva

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