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Cultura: questões essenciais

Confira aqui alguns expressões fundamentais de diferentes culturas!

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

A cultura é um dos fenômenos mais subjetivos e relativos entre as manifestações do intelecto humano. Subjetivo por estar totalmente relacionado à qualquer hábito pertencente à um grupo social. E relativo por se dar de maneira tão diversificada, de acordo com a realidade e necessidade de cada pessoa ou grupo.

Desde as expressões mais fundamentais como gestos, códigos, língua até as complexas e profundas expressões artísticas, a cultura marca o conjunto de significados, métodos e técnicas desenvolvidas para um determinado fim. Todos os povos do mundo aprenderam a plantar e a cultivar os próprios alimentos e a manipulá-los. Isso é uma atividade econômica para a manutenção de uma necessidade social. Porém o que se planta, como se planta e quando. Como se manipula e armazena. Como se consome e se cultiva. Tudo isso é uma questão cultural. A expressão mais adequada para caracterizar a cultura é “como”. Não importa “o que”. As diferenças culturais se manifestam em “como” se pratica, “como” se expressa, “como” se produz.

O surgimento das relações de poder entre os povos gerou uma hierarquização da cultura. Surgiu uma equivocada concepção de superioridade cultural de uns em relação a outros tal como a  ideia de sofisticação ou refinamento cultural. Se compararmos, por exemplo, os hábitos de higiene pessoal dos povos indígenas das américas aos mesmos dos europeus em uma mesma época poderíamos associar superioridade aos indígenas. Se compararmos também o domínio sobre medicina dos árabes às mesmas técnicas dos saxões em meados do séc. X faríamos também o mesmo tipo de associação. Porém comparações no plano da cultura não permitem juízo de valor. Pois tais hábitos, características, nível de desenvolvimento e sofisticação de determinadas práticas não representa uma cultura melhor ou pior. Todos os traços culturais de um grupo são resultantes de necessidades e prioridades. Para um determinado grupo a higiene pessoal é uma necessidade mais ou menos importante do que para outro. Ou melhor, a classificação de “importante” ou não  é, em si, cultural. Relativa aos valores vigentes.

Herdamos das tradições e valores greco-romanos, a concepção eurocêntrica de cultura. E tal concepção nasceu para servir às relações de poder estabelecidas. Pelo imperialismo grego e romano. Sobre os outros povos. Quando o dominante impõe sua cultura ao dominado torna o dominado mais fraco, portanto mais submisso. Essa lógica foi reproduzida em todo processo expansionista, colonizador e imperialista empreendido pelos europeus. O processo de aculturação é uma estratégia de dominação. E tal estratégia pode ser associada pela violência, pela insistência, prela repetição, pela corrupção. É ao longo da formação das sociedades contemporâneas que essas estratégias foram aplicas sobre todos os povos do mundo, em diferentes níveis e diferentes momentos.

O mundo atual é baseado em tal concepção. E culturalmente há uma divisão que foi muita rígida no séc. XIX e XX e que ainda vigora. Cultura e folclore. Essa divisão representa a padronização entre o que é de origem europeia (balés clássicos, cinema, poesia, literatura, sinfônicas) e o que não é. No caso do Brasil toda manifestação popular originada pelo sincretismo, ou mesmo aquelas originalmente indígenas ou africanas, são classificadas como folclore. Obviamente essa divisão é hierárquica. Marca uma nítida  valorização de uma em detrimento da outra.

Há também a elitização intelectualizada, classificatória e discriminatória. Ou  seja, a hierarquização pelo grau de complexidade da produção. Como se uma obra sinfônica de Vivaldi fosse “melhor” do que uma harmonia e melodia popular que não usa mais de três notas musicais e compassos simples.

Outra classificação cultural comum ao nosso tempo que se dá também por critérios étnico e sócio culturais é a questão de gênero musical. O rock, essencialmente americano e inglês, com estruturas harmônicas e rítmicas simples é considerado um gênero próprio de pessoas que se classificam como intelectuais. Enquanto ritmos populares de aceitação das massa como pagode e funk são considerados inferiores. Cabe ressaltar que a aceitação é algo relacionado ao momento histórico e social. O rock, quando elaborado e reproduzido, era considerado música de “pretos” nos EUA. Quando Elvis, Beatles e Rolling Stones apareceram no cenário da música a aceitação foi bem diferente. Há também que ressaltar que a maioria dos ritmos e gêneros do mundo contemporâneo tem matriz afro. Especialmente os ritmos americanos, de norte à sul.

O choque de gerações também gera a classificação. Um ritmo tradicional é considerado melhor do que as versões mais modernas do mesmo gênero. São considerados os ritmos de raiz. As melodias e a poética das letras também influenciam a valorização cultural das manifestações musicais. Critérios semelhantes são aplicados a todas as dimensões da cultura, tais como culinária, vestimenta, artes plásticas e literatura.

A questão que nos cabe e ressaltar a contradição de se atribuir juízos de valor em expressões culturais. O próprio “valor” é cultural. A concepção de bom e ruim, construtivo ou banal, certo ou errado é algo cultural. A sofisticação técnica  não determina a beleza artística. O refinamento dos hábitos não determina o caráter humano do indivíduo ou do grupo. Toda e qualquer expressão é própria de um grupo, um contexto, um tempo. Suas transformações e misturas são espontâneas. E ocorrem dentro de sim mesmas, para satisfazer o grupo que o produz. Satisfazer em vários sentidos. Seja pela exaltação ou pelo protesto.  Se minha expressão me diverte, me representa e me satisfaz então ninguém tem o direto de atribuir juízo de valore a ela.


Publicado por: Alan Carvalho

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