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A Formação de Professores: Novas Tendências

Tendências na formação dos professores, o que é ser professor, o papel do aprendiz, Piaget, Vygotsky,...

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Uma das novas tendências na formação dos professores é a que visa a estudar-los a partir das suas percepções sobre sua prática, objetivando produzir conhecimentos que considerem a realidade educativa e o seu cotidiano (Tardif, 2006).

A grande importância dessa perspectiva reside no fato de os professores ocuparem, na escola, uma posição fundamental em relação ao conjunto dos agentes escolares no seu fazer pedagógico. São eles os principais atores e mediadores da cultura e dos saberes escolares. [...] interessar-se pelos saberes e pela subjetividade deles é tentar penetrar no próprio cerne do processo concreto de escolarização[2].

Precisa-se definir o que é ser professor.

Tardif (2006) afirma que “um professor é, antes de tudo, alguém que sabe alguma coisa e cuja função consiste em transmitir esse saber a outro”.

Ampliando esse conceito numa perspectiva construtivista, não se trata de apenas transmitir, mas também de possibilitar apropriação e reconstrução pessoal e coletiva de conhecimentos socialmente valorizados.

Piaget (1988) redimensionou o papel do professor ao defender a importância dos chamados métodos ativo no ensino, que pretendem proporcionar à criança e ao adolescente a possibilidade de conhecimento de modo que “a verdade a ser adquirida seja reinventada pelo aluno, ou pelo menos reconstruída e não simplesmente transmitida”.

Ao afirmar o papel do aprendiz como sujeito construtor de seu próprio conhecimento, é preciso que “o professor deixe de ser apenas um conferencista e que estimule a pesquisa e o esforço, ao invés de se contentar com a transmissão de soluções prontas”.

Para a abordagem construtivista, o papel da transmissão cultural não é totalmente descartado.

Na perspectiva piagetiana, a transmissão cultural é um dos fatores básicos que marcam o processo de desenvolvimento cognitivo, além da maturação, a experiência física e a equilibração Piaget (1989).

A dinâmica estabelecida por esses quatro fatores propicia a construção do conhecimento pelo sujeito, desde o nascimento, através de relações mantidas com o mundo físico e social.

Ainda, em relação à função docente, Piaget (1988) vai reconhecer a importância do professor como alguém que dispõe de conhecimentos historicamente produzidos e proporciona condições para que a criança possa se apropriar de tais conhecimentos.

Na obra de Vygotsky (1989), a transmissão cultural tem valor especial e, particularmente, o ensino, pois ele reconhecia que a educação escolar deveria adotar uma pedagogia que guiasse o desenvolvimento da criança em direção às funções em processo de amadurecimento, em vez de se limitar a trabalhar apenas baseado naquilo que a criança já é capaz de fazer.

Isto porque, para Vygotsky (1989), a aprendizagem promove o desenvolvimento: “a instrução transmitida em determinada área pode transformar e reorganizar as outras áreas do pensamento da criança, [...] [a instrução] pode procedê-la [a maturação] e acelerar o seu progresso[3]”.

Nessa concepção, a transmissão cultural se dá via processos de mediação – sujeito e cultura –, portanto as situações de ensino-aprendizagem configuram-se como áreas de desenvolvimento, as chamadas zonas de desenvolvimento proximal – ZDP Vygotsky (1989).

Para Vygotsky (1987), o desenvolvimento humano, marcado pela dimensão históricocultural, ocorre em dois níveis: o nível de desenvolvimento real (aquilo que se é capaz de realizar sozinho) e o nível de desenvolvimento potencial (aquele no qual o sujeito é capaz com o suporte de outro mais experiente).

A distância entre os dois níveis é chamada de zona de desenvolvimento proximal – ZDP – que se dá pela mediação dos outros sociais e são ferramentas psicológicas corporificadas numa outra pessoa, no signo, na brincadeira e nas situações de ensino, por exemplo.

Importa considerar ainda, para a formação do professor, o papel que o ensino escolar desempenha no processo de elaboração das funções mentais superiores, particularmente quanto à formação dos conceitos científicos e do pensamento verbal e categorial Vygotsky (1987), possibilitando a instrumentalização dos professores no domínio de conteúdos e de ferramentas mentais.

Rodrigues, J. F. Educação Física Escolar: aprender com o movimento. Ijuí: UNIJUI.

___________. 2009. Perfil motor de escolares repetentes dos anos iniciais do ensino fundamental do município de São Luiz Gonzaga – RS – Brasil. /.Tese de Doutorado Abstract International, 145.: II.: inc. Universidad Tecnológica Intercontinental. R696p Rodrigues, Judite Filgueiras CDU 37 (043.3)

Tardife. M. 2006. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 6 ed.

Piaget. J. 1988. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: José Olympio.

___________. 1989. Seis estudos de psicologia. 17ª Ed. Rio de janeiro: Forense Universitária

Vygotsky. L.S. 1987. A formação social da mente. SP, Martins Fontes. Tradução José Cipolla Neto; Luiz Silveira Barreto; Solange Afeche.

________________. 1989. A formação social da mente. SP, Martins Fontes. Tradução José Cipolla Neto; Luiz Silveira Barreto; Solange Afeche.

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Judite Filgueiras Rodrigues - Licenciada em Ciências Físicas e Biológicas, Matemática e Educação Física. Psicopedagoga, especialista em Pedagogia Gestora, Mestre em Ciências da Educação e Doutora em Ciências do Movimento Humano. Autora do livro Educação Física Escolar:Aprender com o Movimento

[2] Ibidem

[3] Idem, ibidem.


Publicado por: Judite Filgueiras Rodrigues

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