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A dimensão lúdica como ferramenta pedagógica e o reconhecimento do aprender brincando

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A literatura mostra que brincar faz parte do desenvolvimento infantil e para a criança a brincadeira não é apenas um passatempo. Nesta perspectiva, este texto tem como finalidade demonstrar a importância de considerar a dimensão lúdica como ferramenta pedagógica, permitindo ao professor trabalhar com atividades que propiciam aos alunos uma aprendizagem pautada na ludicidade sem menosprezar o sentido pedagógico. Faz-se necessário desta forma, reconhecer que a criança aprende brincando.

Na atual conjuntura da educação brasileira faz-se indispensável lançar mão de estratégias que estimulem os alunos a frequentarem a escola com mais interesse, neste sentido, utilizar jogos e brincadeiras como recurso pedagógico pode ser um método eficaz para se alcançar tal objetivo.

Constata-se por meio da literatura pertinente que a brincadeira colabora com o processo de socialização da criança, estimulando também o seu aprendizado. Desta forma, faz-se relevante considerar que as atividades lúdicas podem ser utilizadas como ferramenta pedagógica.

Para Lima (2008) embora os avanços de estudos e pesquisas relacionados à valorização da brincadeira no desenvolvimento infantil, na prática esta ainda é uma realidade descontextualizada. O autor ainda aponta que uma das explicações dos professores para este feito é que a formação inicial dos mesmos não ofereceu subsídios necessários para se considerar o lúdico como recurso de aprendizagem.

O senso-comum nos leva a considerar a função hedonística do brincar como o seu principal motivo. Mas essa afirmação não encontra sustentação, ao levarmos em conta dois fatores: existem várias atividades que dão maior prazer à criança que o brincar, como, por exemplo, comer guloseimas, chupar chupeta, sentir o carinho e afeto de adultos próximos etc. E, como segundo exemplo, citamos a realidade de jogos que são causas de intensas sensações de desprazer. (SENA, 2007, p. 76)

Segundo Wantanabe e Lima (2012, p. 29) ”A ludicidade é parte do cotidiano da criança, constitui-se um dos primeiros elementos das culturas da infância.” Sendo assim, pode-se afirmar com convicção que é por meio da brincadeira que as crianças interagem entre si e com o mundo em que vivem.

Navarro (2009) alega que o brincar é uma prática social do universo infantil, porém para que tal atividade seja mais prazerosa é necessário ter um brinquedo, um ambiente, uma história, um colega. Na escola para ser utilizado como ferramenta pedagógica o professor tem o papel de mediador com o objetivo de fazer do brincar algo criativo e estimulante, assegurando oportunidades de aprendizagens variadas.

Essa tendência predominante, que dicotomiza o jogar e o aprender, trata os momentos de aprendizagem com uma “certa seriedade” e os torna diretivos, na maioria das vezes; as atividades lúdicas são tomadas como momentos de descarga de energia excedente, de recreio, de descontração e acontecem, com freqüência, quando não se tem mais nada para fazer. (LIMA, 2003, p. 162).

Geralmente na escola as crianças só podem brincar na hora do intervalo e no período entre a chegada e a entrada na sala de aula. Ao adentrarem a sala de aula as crianças devem ficar quietas e sentadas. Quando os alunos não se comportam como deveriam são castigados e proibidos de fazer aula de Educação Física que comumente é vista na escola como uma disciplina irrelevante.

Porém, os parâmetros curriculares nacionais enfatizam que:

No âmbito da Educação Física, os conhecimentos construídos devem possibilitar a análise crítica dos valores sociais, tais como os padrões de beleza e saúde, que se tornaram dominantes na sociedade, seu papel como instrumento de exclusão e discriminação social e a atuação dos meios de comunicação em produzi-los, transmiti-los e impô-los; uma discussão sobre a ética do esporte profissional, sobre a discriminação sexual e racial que existe nele, entre outras coisas, pode favorecer a consideração da estética do ponto de vista do bem-estar, as posturas não-consumistas, não preconceituosas, não-discriminatórias e a consciência dos valores coerentes com a ética democrática. (PCN, 1997, p. 25).

Andrade ([s.d.,]) ressalva que para as crianças do ensino fundamental as aulas de Educação Física são mais ativas do que os alunos do ensino médio, acredita-se que este fato se dá por que nesta faixa etária a cultura do movimento é mais intensa.

Há um forte controle dos movimentos das crianças na escola. Foulcaut (1987) reforça que:

o controle disciplinar não consiste simplesmente em ensinar ou impor uma série de gestos definidos; impõe a melhor relação entre um gesto e a atitude global do corpo, que é sua condição de eficácia e rapidez. No bom emprego do corpo, que permite um bom emprego do tempo, nada deve ficar ocioso ou inútil: tudo deve ser chamado a formar o suporte do ato requerido. (FOUCAULT, 1987, p.129-130).

Ainda sobre isso, destaca-se que:

A organização das salas de aula nas escolas obedece a um esquadrinhamento e uma ordem pensados para evitar conversas e trocas entre os alunos, num espaço que reprime movimentos e economiza tempos e gestos. A importância e a necessidade da vigilância e controle dos comportamentos se explicita na rigidez e imobilidade exigida aos alunos; qualquer experiência ou atividade que não seja baseada no rigorismo e na seriedade não é considerada como aprendizagem. Os indivíduos e seus corpos são divididos, separados, organizados para depois serem medidos e classificados. (MESOMO, 2004, p. 106)

Na perspectiva da aprendizagem os parâmetros curriculares nacionais de Educação Física, reforçam a tese de que a bagagem cultural trazida da criança para a escola, bem como suas experiências lúdicas são determinantes para o seu processo de aprendizagem. (BRASIL, 1997).

Diante o exposto, nota-se que a aprendizagem ocorre por meio de experiências anteriores, desta forma, as crianças que convivem desde cedo com elementos procedentes da dimensão lúdica, com isso elas aprendem a ser autônomas e mediar conflitos que possam surgir durante o processo de aprendizagem, bem como, são mais propensas a respeitarem as regras, pois a brincadeira tem esse poder de estimular a cidadania e a autonomia.

Além de ser um divertimento e um recurso de aprendizagem, brincadeira e o jogo contribuem para a formação das crianças como seres autônomos.

Breve apresentação

Sou Jaqueline de Andrade formada em Pedagogia pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (FCT/UNESP) Campus Presidente Prudente_ SP.

Referências Bibliográficas

ANDRADE, Jaqueline de. A importância e os desafios do ensino de educação física nas séries iniciais do ensino fundamental. Disponível em: . Acesso em: Setembro de 2015.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educação física. – Brasília: MEC/SEF, 1997.

FOUCAULT, M.Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1987.

LIMA, José Milton de. O jogo como recurso pedagógico no contexto educacional. São Paulo: Cultura Acadêmica: Universidade Estadual Paulista, Pró-Reitoria de Graduação, 2008, 157p.

_____. O jogar e o aprender no contexto educacional: uma falsa dicotomia. 2003. 246f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP – Campus de Marília.

MESOMO, Aliandra Cristina. Educação e infância: ensaio sobre poder e controle. NUANCES: estudos sobre educação – ano X, v.11, nos 11/12, jan./jun. e jul./dez.2004.

NAVARRO, Mariana Stoeterau. O brincar na educação infantil.PUCPR, Curitiba, 2009.

SENA, Silvio. de. O jogo como precursor de valores no contexto escolar. 2007. 242f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP – Campus de Presidente Prudente, 2007.

WANTANABE, Denise; LIMA, José Milton de. A fantasia do real no contexto da educação infantil: da teoria à prática.In: XXIII Semana Da Educação e Pedagogia. O Contexto Escolar Na Contemporaneidade: Discussões Necessárias, Anais I, p. 28-36. 2012, Presidente Prudente _SP.


Publicado por: Jaqueline de Andrade

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