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Contribuição da Motricidade Humana à Educação

Motricidade Humana, concepção de corporeidade, motricidade, historicidade, comunicação, cooperação, liberdade,...

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Osvaldo Arsênio Villalba

Este texto é relacionado à tese doutoral de Judite Filgueiras
Rodrigues “Perfil Motor de Escolares Repetentes dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental do Município de São Luiz RS – Brasil”.UTIC – Universidade Tecnológica Intercontinental.

Para uma Epistemologia da Motricidade Humana, busca-se mostrar uma visão de homem – mundo e aprendizagem alicerçada na concepção de corporeidade, motricidade, historicidade, comunicação, cooperação, liberdade, transcendência e ludicidade.

Nesse sentido a tese reflexiona a motricidade humana, com todos os que se sentem comprometidos com a educação. Interroga várias questões destacando a repetência nos anos iniciais do Ensino Fundamental e o desenvolvimento motor nesta faixa etária. Daí questiona-se: está o desenvolvimento motor relacionado à aprendizagem?

Frente a estas questões buscam-se caminhos que permitam a compreensão da ciência da Motricidade Humana como algo além do biomecânico e animal, algo que permita pensá-la como expressão e produção de experiência e aprendizagem.

Na esperança de que, em algum momento, o saber se faça sabedoria e a ciência seja cultura, numa aliança inseparável entre o Ser, o conhecer e o saber.

Neste preâmbulo onde se situa o surgimento da expressão Motricidade Humana, inclui-se a práxis do professor pelas vivências e contatos com os educandos e outros educadores atuantes na área de Educação.

Nesta investigação percebeu-se que muitos professores desenvolvem ações ausentes de bases teóricas e práticas, sentindo-se perdidos e impotentes frente ao fracasso dos seus alunos; outros, inquietos num campo tão complexo fazem de sua prática, uma busca permanente, na expectativa de vislumbrar caminhos que permita pelo menos amenizar tal situação.

Nestes verificou-se que o alvo de atuação deixou de ser o de diagnosticar, classificar e aconselhar para uma prática que acredita que todas as pessoas podem aprender.

Nesta direção, o contato direto e simples com o movimento demonstra o quanto a motricidade humana pode aprofundar questões que permitam ao professor conhecer-se e a partir daí construir uma prática indissociável cujo foco seja o sujeito na sua corporeidade.

Nesta busca, o caminho do conhecimento corporal do educador é inevitável para a construção de uma aprendizagem entre o possível e o desejável, algo que mude o enfoque do mecânico para o humano.

E que discussões surgem a partir daí?

A primeira questão que acredito merecer atenção é quanto a postura profissional que alguns professores assumem: fechados em seu saber onipotente de especialista vão passando a responsabilidade do fracasso do aluno ao colega da série anterior, inibindo muitas vezes a realização de um trabalho interdisciplinar e o desenvolvimento da criança.

Acredito que o investimento na capacitação profissional é urgente, ajudando o educador, o técnico a reintegrar-se, a unir desejo e ação e ser um Homem em movimento. Caso contrário, dificilmente se poderá compreender a noção de construir, de aprender, pois esta passa por um movimento interno e externo de transformação.

Se o profissional consegue sentir esta complexidade, ele passa a perceber que não existem déficits, mas diferenças, que todos somos diferentes e poderá começar a ver o aluno enquanto pessoa e suas possibilidades. Poderá assim entender que o desenvolvimento motor é fator fundamental na aprendizagem do sujeito

A Educação exige que o profissional modifique sua visão, que ouse estruturar uma prática inovadora, mas com bases teóricas estruturadas que integre uma teoria praticada e uma prática teorizada, fazendo pontes entre aquilo que sabe, vive e aprende.

Para que isso comece a acontecer o profissional da educação precisa conhecer seu próprio corpo e conseqüentemente seu desenvolvimento motor. Só assim, terá condições construir com o educando uma aprendizagem realmente significativa tendo como alvo a motricidade humana.

Nesta concepção, a motricidade passa a ser vista como um diálogo entre o homem e o mundo na busca de uma aprendizagem significativa.

Para que a aprendizagem possa ser significativa e fluir de forma simples e eficiente é recomendável que o educador reúna algumas qualidades tais como prazer e comprometimento.

É importante também que ele como bom experimentador desenvolva habilidades essenciais como saber observar, deixar a criança falar e ao mesmo tempo, saber procurar algo de precioso na criança, isto é, trabalhar com suas fortalezas e possibilidades.

O que os professores precisam perceber é que desenvolver habilidades motoras significa ganhar tempo, pois o aluno poderá estruturar seu conhecimento dentro do seu próprio ritmo. Para tanto, seria necessário compreender a criança, sua atividade, seu contexto familiar e social.

O desenvolvimento cognitivo é um processo seqüencial que precisa ser observado também: ele é marcado por etapas caracterizadas por estruturas mentais diferenciadas sendo que, em cada uma delas a maneira de compreender os problemas e resolvê-los depende da estrutura mental que a criança apresenta naquele momento.

Por ser seqüencial e marcado por etapas, embora a seqüência do desenvolvimento seja a mesma para todas as pessoas, a cronologia é variável para cada uma delas.

Seria necessário identificar, através de observação criteriosa, o momento do desenvolvimento que a criança está vivendo. Isto poderá ser facilitado pela atividade motora realizada em qualquer ambiente.

Acredito também que a aprendizagem da criança poderá ser facilitada, por meio de atividades motoras que gradualmente requeiram o uso das estruturas cognitivas que vão se apresentando. Cada estrutura cognitiva tem o seu momento próprio de aparecer, pois cada criança é única na sua individualidade.

Uma interação adequada com o ambiente fará com essas estruturas surjam e possam ser utilizadas em toda sua plenitude. A perda deste momento parece-me desastrosa, pois uma estrutura se não for exercitada no momento próprio, irá requerer, em etapa posterior, maior esforço tanto de quem está em aprendendo quanto de quem pretende facilitar este processo. Daí a importância do desenvolvimento motor adequado a cada faixa etária.

Considero importante registrar uma inferência: a educação deve ser orientada para a para a heteronomia e para a autonomia.
Num momento em que a meta da educação é a formação de indivíduos autônomos, os educadores poderiam retomar por meio da motricidade uma análise do desenvolvimento cognitivo, moral, afetivo, social e motor.

Referências Bibliográficas
Rodrigues, J. F. Educação Física Escolar: aprender com o movimento. Ijuí: UNIJUI.
Rosa Neto. F.2002. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre-RS: Artemed.

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Judite Filgueiras Rodrigues - Doutoranda em Ciências do Movimento Humano UTIC
Osvaldo Arsênio Villalba - Prof.Dr. Orientador


Publicado por: Judite Filgueiras Rodrigues

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